Ibovespa fecha em queda, mas distante da mínima da sessão com alívio na curva de DI

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um declínio discreto nesta terça-feira, distante da mínima da sessão, uma vez que o alívio na curva de juros brasileira impulsionou papéis sensíveis à economia doméstica, atenuando a pressão de baixa do cenário externo, após dados mais fracos da China.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central também ocupou as atenções, assim como uma série de resultados corporativos e previsões, incluindo os números de Itaú Unibanco e Eletrobras.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,24%, a 119.090,24 pontos, tendo chegado a 117.491,95 pontos no pior momento. Na máxima, atingiu 119.552,69 pontos.

O volume financeiro somou 22 bilhões de reais, contra média diária em 2023 de 25,76 bilhões de reais.

O Banco Central (BC) afirmou na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta manhã, que "julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes". A instituição monetária reduziu na semana passada a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.

Na visão do estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, o BC buscou conter um excesso de otimismo do mercado com relação à trajetória da política monetária, ao julgar como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes e ao apontar a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante.

"Apesar disso, consideramos que o mercado passará a reagir mais fortemente aos dados de alta frequência. Surpresas baixistas da inflação de serviços e de atividade poderão levar a um aumento da probabilidade de um ritmo de ajuste acima de 50 bps a partir do final do ano", afirmou em relatório a clientes.

Após a ata, Goldenstein revisou sua projeção para uma Selic de 11,50% no final de 2023, com aceleração do ritmo para 0,75 ponto em dezembro e taxa de 9,0% no final do ciclo.

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Ainda no cenário brasileiro, uma série de balanços repercutiu nos negócios, entre eles os resultados de Itaú Unibanco e Eletrobras, que têm ações no Ibovespa, mas também os números de small caps como Grupo SBF, Vivara, Pague Menos, Direcional, entre outras.

Ainda nesta terça-feira, estão previstos os dados do segundo trimestre de Gerdau, Braskem, Méliuz, Totvs e RD, entre outros.

No exterior, as importações e exportações da China caíram muito mais do que o esperado em julho, 12,4% e 14,5%, respectivamente, ante previsões de queda de 5% e 12,5%, reforçando expectativas de que a atividade econômica pode desacelerar ainda mais no terceiro trimestre.

Em Wall Street, o S&P 500 também reduziu as perdas, fechando em baixa de 0,42%, em sessão marcada pelo corte no rating de vários bancos norte-americanos pela Moody's.

De acordo com gestor de renda variável da Western Asset César Mikail, os mercados abriram mais pesados nesta sessão, muito em razão dos dados da China, mostrando desaceleração forte e podendo impactar negativamente o crescimento global, mas o movimento de baixa acabou tendo uma boa correção.

No caso da bolsa brasileira, ele ressaltou que os balanços também estiveram sob os holofotes, enquanto avaliou que o volume foi novamente fraco.

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Para a sócia e especialista da Blue3 Investimentos Bruna Centeno, a queda nas taxas futuras de juros ajudou a amenizar as perdas do Ibovespa, dando suporte para papéis de empresas mais voltadas para a economia local, enquanto o noticiário da China acabou pensando mais em papéis de commodities, como Vale.

DESTAQUES

- VALE ON caiu 0,65%, a 67,46 reais, na esteira do declínio dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange, na China, encerrou as negociações do dia com queda marginal de 0,3%, para 716,0 iuanes (99,26 dólares) por tonelada, registrando baixa pela quarta sessão consecutiva. Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência recuou 0,4% para 100,6 dólares a tonelada.

- ITAÚ UNIBANCO PN recuou 0,22%, a 27,6 reais, após reportar lucro recorrente de 8,74 bilhões de reais no segundo trimestre, avanço de 13,9% frente ao mesmo período do ano passado, com os índices de inadimplência se mantendo praticamente estáveis na base trimestral, embora tenha elevado provisões. Nesta terça-feira, o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, afirmou que a expectativa do maior banco brasileiro é de que as provisões para inadimplência se estabilizem em um patamar muito próximo ao atual nos próximos trimestres. Ainda afirmou que o banco poderá elevar o retorno a acionistas no segundo semestre.

- ELETROBRAS ON avançou 1,96%, a 36,97 reais, entre as poucas altas da sessão, após antecipar a divulgação do balanço do segundo trimestre e mostrar, na noite da véspera, lucro líquido de 1,62 bilhão de reais, cifra 16% maior que a registrada um ano antes. Entre abril e junho, a Eletrobras registrou 1,71 bilhão de reais em reversão de provisões, contra uma contabilização de 2,23 bilhões em igual período de 2022.

- PETROBRAS PN fechou com variação positiva de 0,1%, a 30,22 reais, distante das mínimas da sessão, após chegar a 29,72 reais no pior momento mais cedo, conforme os preços do petróleo reagiram e o Brent terminou o dia em alta de 0,97%. Executivo da companhia também afirmou nesta terça-feira que a Petrobras atendeu pedidos de fornecimento de diesel feitos pelas distribuidoras em agosto e as solicitações para setembro estão sendo negociadas no momento.

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- PETZ ON caiu 6,1%, a 6,46 reais, mesmo com o alívio na curva de juros, com outros papéis de varejo também sofrendo, e tendo ainda no radar resultado trimestral previsto para a quinta-feira, após o fechamento do mercado.

- HAPVIDA ON subiu 6,08%, a 5,06 reais, favorecida pela queda dos juros futuros, enquanto analistas do JPMorgan reiteraram recomendação "overweight" para as ações, estabelecendo preço-alvo de 6 reais para o final de 2024, de um preço justo no intervalo de 4 a 5 reais anteriormente.

- LOCAWEB ON encerrou em alta de 2,68%, a 7,28 reais, ajudada pelo alívio nos DIs e tendo como pano de fundo relatório de analistas do Bank of America elevando a recomendação das ações para "compra", ante "underperform", com preço-alvo de 10 reais, de 5,80 anteriormente, citando melhoria do cenário macro e melhor desempenho operacional.

- GRUPO SBF ON, que não faz parte do Ibovespa, afundou 25,77%, a 9,94 reais, após o dono da rede de lojas de artigos esportivos Centauro reportar um prejuízo líquido ajustado de 15,09 milhões de reais, revertendo lucro líquido de 36,36 milhões de reais um ano antes. De acordo com a companhia, tal desempenho ocorreu principalmente, pelo aumento das despesas operacionais (+15,2%) e das despesas financeiras (+54,2%).

- VIVARA ON valorizou-se 2,2%, a 30,6 reais, tocando máximas desde setembro de 2021, na esteira do balanço do segundo trimestre da rede de joalherias, com alta de 23,5% no lucro líquido ante o mesmo período do ano passado, para quase 110 milhões de reais, em meio a aumento de receitas e expansão de margens.

(Por Paula Arend Laier)

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