Taxas futuras longas têm leve alta em dia de movimentos contidos na curva

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quarta-feira com leve viés de baixa na ponta curta e leve viés de alta na longa, em um dia de movimentos contidos na curva a termo, com investidores ainda ajustando apostas para o futuro da política monetária no Brasil e nos EUA.

No início da sessão, os mercados ponderavam os novos dados de inflação da China. O Escritório Nacional de Estatísticas informou que o índice de preços ao consumidor chinês caiu 0,3% em julho na comparação anual, ante previsão de queda de 0,4% em pesquisa da Reuters. Foi o primeiro recuo desde fevereiro de 2021.

Já o índice de preços ao produtor cedeu pelo 10º mês consecutivo, caindo 4,4%, contra projeção de baixa de 4,1%.

Com a agenda de indicadores nos EUA esvaziada, os rendimentos dos Treasuries caíam com investidores à espera do leilão de notas de 10 anos do Tesouro dos EUA. Além disso, havia certa cautela antes da divulgação dos números da inflação norte-americana nesta quinta-feira, que podem dar novas indicações sobre o futuro da política monetária nos EUA.

O recuo dos rendimentos dos Treasuries, no entanto, não influenciava de forma decisiva a curva a termo brasileira.

“Ontem (terça-feira) houve um fechamento importante da curva a termo, por causa da ata do Copom (Comitê de Política Monetária). Hoje (quarta-feira) o mercado lá fora está cauteloso depois dos dados de inflação da China e esperando os dados de inflação nos EUA”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

“Isso faz com que o movimento seja bem pequeno no Brasil, mesmo porque a agenda de indicadores nos EUA é bem fraca hoje”, acrescentou.

Para Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, investidores no Brasil continuaram nesta quarta-feira o processo de ajustes da curva, após o Copom ter cortado, na semana passada, a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, indicando mais cortes de meio ponto percentual.

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“Vimos o BC mais agressivo, com corte de 0,50 ponto percentual, e não 0,25 ponto, e indicando mais reduções de 0,50 ponto. Isso coloca um pouco de dúvida quanto à inflação no longo prazo. Quando pegamos os contratos para 2028, 2029 e 2030, os juros sobem um pouco”, comentou.

Segundo ele, o recuo das taxas dos Treasuries nesta quarta-feira teve menos efeito na curva de juros brasileira.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas no varejo em junho ficaram estáveis na comparação com o mês anterior e avançaram 1,3% em relação ao mesmo mês de 2022. Os dados não impactaram de forma decisiva os DIs (Depósitos Interfinanceiros).

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,455%, igual ao ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,435%, ante 10,44% do ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 9,885%, ante 9,86% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,025%, ante 9,974%. O DI para janeiro de 2028 marcava 10,31%, ante 10,252% do ajuste.

Com o movimento desta quarta-feira, perto do fechamento a curva de juros brasileira precificava 84% de chances de o Copom cortar a Selic em 0,50 ponto percentual em setembro, contra 16% de probabilidade de baixa de 0,75 ponto percentual. Na véspera, a precificação era de 75% e 25%, respectivamente.

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No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa no fim da tarde.

Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 1,80 ponto-base, a 4,0061%.

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