EUA enfrentam "águas desconhecidas" com queda da inflação e desemprego baixo, mostra estudo

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve estão em "águas desconhecidas", sem um precedente histórico claro para definição da política monetária, em um ambiente com queda da inflação mas ainda sem aumento na taxa de desemprego, disse a equipe do Fed de Richmond em uma nota de pesquisa ao analisar o ciclo de aperto "diferente de qualquer outro".

"O ciclo atual é a primeira vez em todo o período pós-guerra que (o Comitê Federal de Mercado Aberto) fez progressos significativos na redução da inflação sem um aumento associado na taxa de desemprego", escreveram funcionários do Fed de Richmond, incluindo o consultor sênior Pierre-Daniel Sarte, no documento publicado na quarta-feira no site do banco.

“O episódio atual de juros nos coloca em águas desconhecidas”, com o Fed enfrentando a maior lacuna de todos os tempos entre a inflação e a faixa da taxa de juros quando as autoridades começaram a apertar a política monetária em março de 2022 e agora vendo a taxa de desemprego permanecer estável e baixa, apesar do aumento mais rápido nos juros em pelo menos 40 anos, escreveram os pesquisadores.

Se esse tipo de queda sem custos na inflação pode continuar é um assunto que estará no centro da discussão do Fed nas próximas semanas, enquanto os membros do banco central decidem se elevaram os juros o suficiente ou se são necessárias novas altas.

O Fed elevou a taxa de juros em 5,25 pontos percentuais desde março do ano passado, com as autoridades aprovando aumentos em 11 das últimas 12 reuniões em uma sequência de ações destinadas a desencorajar empréstimos e gastos e desacelerar a economia e o ritmo de crescimento dos preços.

Normalmente, isso estaria associado a um salto no desemprego à medida que empresas e consumidores perdem força. No entanto, a taxa de desemprego permaneceu abaixo de 4% - um nível baixo para os EUA - desde fevereiro de 2022 e ficou em 3,5% no mês passado.

As autoridades do Fed ofereceram diferentes interpretações sobre por que isso está acontecendo, desde "acúmulo de mão de obra" entre as empresas assustadas com a dificuldade de contratar durante a pandemia, até a inflação que pode ter sido impulsionada em grande parte por problemas nas cadeias de suprimentos que têm sido corrigidos lentamente.

A forma como as autoridades do Fed analisam esses tipos de nuances determinará se eles seguirão com outro aumento de taxa em algum momento deste ano - a visão da maioria entre os membros a partir de suas últimas projeções, divulgadas em junho - ou decidirão se a atual faixa da taxa de juros entre 5,25% e 5,5% é adequada.

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A próxima reunião é de 19 a 20 de setembro, com muitos analistas e investidores neste momento apostando que o Fed não elevará os juros novamente.

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