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Rotativo do cartão de crédito deve ser extinto, diz Campos Neto

A solução para o problema dos juros elevados e da inadimplência do cartão de crédito no Brasil deve passar pela extinção do crédito rotativo, disse nesta quinta-feira (10) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O que aconteceu?

Hoje, os juros do rotativo estão em 437% ao ano, enquanto o parcelado do cartão está em 196% ao ano. Em audiência pública no Senado, Campos Neto afirmou que, com esse desenho em elaboração, as faturas não pagas iriam direto para o sistema de crédito parcelado do cartão, com uma taxa mensal de juros que ficaria próxima a 9%. A taxa de 9% ao mês corresponde a 181% ao ano.

Os bancos, incluindo Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil, argumentam que os clientes não chegam a ficar um ano no rotativo. A legislação obriga as instituições financeiras a ofertarem outras linhas de crédito para os clientes. O vice-presidente de gestão financeira do BB, Marco Geovanne da Silva, por exemplo, afirmou nesta quinta-feira que os clientes, em média, ficam de 18 a 20 dias no rotativo antes de serem direcionados a outras linhas mais baratas.

O presidente do BC ressaltou que a solução será apresentada em até 90 dias. A proposta está sendo construída em diálogo com o deputado Elmar Nascimento (União-BA), relator do projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas das famílias.

'Não é proibir o parcelamento sem juros'

Medida deve prever a criação de uma tarifa para desincentivar parcelamentos sem juros com cartão de crédito. "Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado, fazer de uma forma bem faseada para não afetar o consumo", afirmou Campos Neto, destacando que os cartões de crédito representam 40% do consumo no país. Na apresentação, o presidente do BC disse que cartões de crédito são um "grande problema" no Brasil, após uma explosão nas emissões nos últimos anos.

A taxa de inadimplência no rotativo do cartão está atualmente em cerca de 49%. De acordo com Campos Neto, o patamar não tem paralelo no mundo. Ele enfatizou que eventual alternativa de estabelecer um limite de juros para o cartão de crédito poderia ter efeito negativo e gerar uma retirada de circulação de cartões pelas instituições financeiras.

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