Ibovespa fecha em queda e marca maior série de baixas desde 1995

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira pelo nono pregão consecutivo, mais uma vez perdendo o fôlego na segunda etapa do pregão e novamente por causa principalmente da piora das ações da mineradora Vale.

Uma nova batelada de resultados corporativos também repercutiu nos negócios, com os papéis Yduqs e Sabesp entre os destaques na coluna positiva, enquanto as ações de Locaweb e Rumo reagiram mal aos balanços.

O último pregão da semana ainda foi marcado por dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, além do anúncio do Novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com a previsão de investimentos de 1,7 trilhão de reais.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,24%, a 118.065,14 pontos, segundo números preliminares. Na máxima, mais cedo, chegou a 119.053,92 pontos. O volume financeiro somou 25,9 bilhões de reais.

A última vez em que o Ibovespa recuou por nove sessões foi em fevereiro de 1995. Mais do que isso, apenas entre o final de janeiro e o começo de fevereiro de 1984 , quando fechou em baixa por 11 pregões, segundo dados da Refinitiv.

O Ibovespa ainda não fechou em alta em agosto, acumulando no mês um declínio de 3,18%. Na semana, caiu 1,21%.

O ajuste negativo ocorre após quatro meses de alta, em que o Ibovespa contabilizou um ganho de quase 17%.

E acompanha o movimento de saída de investidores estrangeiros de ações brasileiras. Até o dia 9, o saldo de capital externo estava negativo em 6,28 bilhões de reais em agosto, sem considerar dados de ofertas de ações.

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Na visão do diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, ainda há uma preocupação sobre o nível da inflação global, enquanto dados da China continuam mostrando um desempenho ainda preocupante sobre o ritmo daquela economia.

Ao mesmo tempo, no Brasil, acrescentou, "o governo continua a insistir em bater a meta de déficit primário zero no ano que vem, o que deve vir à custa da cobrança de mais impostos das empresas, decisões do Carf e brigas no STF".

"Depois de um rali recente, com o Ibovespa acumulando quatro meses de alta, é um cenário que abre espaço para correções", avaliou Campos.

DESTAQUES

- VALE ON caiu 0,83%, a 65,51 reais, mesmo com a alta dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange, na China, encerrou as negociações do dia com alta de 2,1%, a 728 iuanes (100,64 dólares) por tonelada. Na Bolsa de Cingapura, o vencimento de referência subiu 2,2%, para 103 dólares a tonelada. Investidores seguem preocupados com a falta de novidades sobre novos estímulos na China.

- PETROBRAS PN cedeu 0,23%, a 30,56 reais, mesmo em dia positivo para os preços do petróleo no exterior, em meio ao desconforto entre agentes financeiros com a defasagem dos preços atuais praticados pela Petrobras ante os valores do mercado internacional. Pela manhã, a ação chegou a subir a 31,04 reais, tendo ainda de pano de fundo relatório do UBS BB elevando a recomendação do papel para "neutra".

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- YDUQS ON avançou 8,16%, a 24 reais, após a companhia reportar lucro líquido de 32 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo prejuízo em igual intervalo de 2022, enquanto o Ebitda ajustado atingiu 417,9 milhões de reais, alta de 24,1% ano a ano. O grupo de educação também afirmou que espera Ebitda ajustado consolidado de 449 milhões a 490 milhões de reais para o terceiro trimestre deste ano.

- SABESP ON fechou com elevação de 5,64%, a 56,16 reais, tendo como pano de fundo alta de 76,1% no lucro do segundo trimestre, para 743,7 milhões de reais. Executivos da companhia de saneamento básico de São Paulo também informaram a adesão de cerca de 1.900 funcionários a seu plano de demissão voluntária, com desligamentos ocorrendo em horizonte de um ano e que exigiram provisionamento de 530 milhões de reais no segundo trimestre.

- EZTEC ON avançou 3,08%, a 23,45 reais, após a construtora divulgar lucro líquido de 75,3 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 78,4% ano a ano. No setor, CYRELA ON subiu 2,55%, a 25,71 reais, também após divulgar balanço do segundo trimestre, que mostrou avanço de 85% no lucro líquido, para 279 milhões de reais.

- LOCAWEB ON despencou 8,08%, a 7,17 reais, em meio a resultado com lucro líquido ajustado de 33,3 milhões de reais no segundo trimestre, de 38,7 milhões de reais um ano antes, e alta de 33,2% no Ebitda ajustado, para 53,8 milhões de reais. A companhia também reportou aumento de receita operacional líquida, mas queda na margem bruta.

- RUMO ON caiu 4,92%, a 22,8 reais, mesmo após o salto no lucro líquido do segundo trimestre, para 167 milhões de reais, uma vez que a transportadora ferroviária ajustou estimativas para o ano. Agora, a Rumo projeta Ebitda ajustado entre 5,4 bilhões e 5,7 bilhões de reais e volume de 76 bilhões a 78 bilhões de reais de TKU para 2023.

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,18%, a 27,64 reais, e BRADESCO PN registrou decréscimo de 0,58%, a 15,37 reais.

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