Deputados remarcam reunião sobre arcabouço para a próxima semana após declaração de Haddad

BRASÍLIA (Reuters) - O relator do novo arcabouço fiscal na Câmara, deputado Claudio Cajado (PP-BA), afirmou nesta terça-feira que a reunião com líderes e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para debater a proposta e as alterações promovidas pelo Senado foi remarcada para a próxima segunda-feira, atrasando o avanço de uma proposta prioritária para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Anteriormente prevista para a noite da segunda-feira, a reunião foi cancelada após declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o poder atual nas mãos Câmara dos Deputados ter causado ruído com parlamentares.

"A reunião que haveria na segunda-feira agora, ontem, ficou para a próxima segunda", disse o relator a jornalistas ao deixar a residência oficial da Presidência da Câmara.

Segundo ele, houve uma reunião de líderes nesta terça-feira com Lira, mas não foi discutido o novo marco fiscal. Uma reunião que haveria na Fazenda nesta tarde sobre o assunto também foi desmarcada, informou o deputado, afirmando que o presidente da Câmara havia sido convocado para um compromisso.

Questionado sobre as declarações de Haddad na segunda-feira, Cajado garantiu que "essa questão esta superada" e que não há "mal-estar".

Em entrevista divulgada na véspera ao jornalista Reinaldo Azevedo, Haddad criticou o valor elevado de emendas parlamentares no Orçamento, afirmou que o país vive uma espécie de parlamentarismo sem primeiro-ministro e chegou a falar que a Câmara não pode "humilhar" o governo.

O ministro chegou a telefonar para Lira para se explicar, mas isso não desmotivou o presidente da Câmara a se pronunciar pela rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.

Em vários posts, Lira alegou que a Casa tem dado "sucessivas demonstrações" da parceira que mantém com o país ao aprovar projetos de interesse com "seriedade" e afirmou que "manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes".

Diante do quadro, os debates sobre as alterações do Senado ao texto do novo marco fiscal sofrem uma semana de atraso. Ainda segundo Cajado, Lira mantém a previsão de votação do texto até o fim deste mês. Não há, no entanto, uma definição de data de votação, embora o relator considere possível uma votação na próxima semana, caso haja acordo entre os envolvidos.

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Na reunião de segunda-feira, explicou, líderes, técnicos e o presidente da Câmara irão avaliar os pontos do texto para definir o que fica e o que sai da proposta.

"Ainda não existe um compromisso de calendário. Feita essa reunião na próxima segunda-feira, nós vamos consensualizar todo o texto e a partir daí, a pauta de quando entrará em votação no plenário. (A data) será definida pelo colégio de líderes e pelo presidente", declarou Cajado.

A medida já foi analisada pela Câmara em uma primeira votação, foi encaminhada ao Senado, onde passou por mudanças, e agora retorna às mãos dos deputados para que deem a palavra final sobre o texto.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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