Taxas futuras de juros dão continuidade a movimento da véspera e têm leve baixa

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros registraram leves quedas nesta quinta-feira, dando continuidade à forte baixa da véspera, com investidores ainda vendo o momento atual como uma oportunidade para entrar no mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros), após os avanços das taxas em semanas anteriores.

Na quarta-feira, as taxas futuras registraram fortes perdas na esteira da aprovação, na Câmara dos Deputados, do novo arcabouço fiscal e com a melhora da percepção sobre a economia no exterior, que colocou os rendimentos dos Treasuries norte-americanos também no negativo.

Nesta quinta-feira, o movimento de baixa das taxas continuou no Brasil, ainda que de forma menos intensa e apesar de no exterior os rendimentos dos Treasuries estarem subindo.

“Houve um movimento de alta nas taxas mais recentemente. Ontem (quarta-feira), vimos uma entrada de investidor estrangeiro no mercado, tanto é que o real teve uma apreciação expressiva”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

“O mercado hoje está vendo ainda uma oportunidade de entrada, depois do movimento (de alta das taxas) de uma semana atrás”, acrescentou.

O recuo das taxas dos DIs, apesar de limitado, esteve na contramão da alta dos rendimentos dos Treasuries, após a divulgação de novos dados sobre a economia norte-americana.

O Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram 10.000 na semana encerrada em 19 de agosto, para 230.000, em dado com ajuste sazonal.

Já o Departamento do Comércio divulgou que as encomendas de bens de capital não relacionados à defesa, excluindo aeronaves, um indicador dos planos de gastos das empresas, aumentaram 0,1% no mês passado, pós queda de 0,4% no mês anterior, em dado revisado.

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Os números reforçaram as apostas de que, ainda que o Federal Reserve não volte a elevar sua taxa de juros em 2023, ela permanecerá em níveis altos por mais tempo, para segurar a inflação.

A sessão desta quinta-feira também foi marcada pela expectativa dos investidores com declarações do chair do Fed, Jerome Powell, no simpósio de banqueiros centrais de Jackson Hole, na sexta-feira.

Os mercados estarão atentos a novas pistas sobre o futuro da política monetária nos EUA -- um fator que tem forte influência na precificação da curva a termo brasileira.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,385%, ante 12,405% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,405%, ante 10,439% do ajuste anterior. Na ponta longa, a taxa para janeiro de 2026 estava em 9,97%, ante 10,017% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,16%, ante 10,204%.

Perto do fechamento desta quinta-feira, a curva a termo brasileira precificava apenas 5% de chances de o corte da Selic em setembro ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual seguem majoritárias, precificadas em 95%. Atualmente, a taxa básica Selic está em 13,25% ao ano.

Às 16:39 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 3,30 pontos-base, a 4,2312%.

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