Ibovespa perde fôlego com atenções voltadas a IPCA-15 antes de Powell

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa passava ao território negativo nesta sexta-feira, descolado do exterior, conforme prevalecia a reação ao IPCA-15 de agosto, que ficou acima das previsões de economistas, enquanto agentes financeiros também aguardam discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.

Às 10h43, o Ibovespa caía 0,49%, a 116.446,90 pontos. Na abertura, chegou a avançar a 117.252,11 pontos. O volume financeiro somava 1,97 bilhão de reais.

O IPCA-15 subiu 0,28% em agosto, sob pressão dos custos da energia elétrica, com a taxa em 12 meses voltando a superar os 4%. O dado ficou bem acima das projeções no mercado, de alta 0,17%, segundo pesquisa da Reuters. Em 12 meses, aumentou 4,24% contra previsão de 4,13%.

Mais cedo na semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que a batalha contra inflação no Brasil não está ganha e que a autoridade monetária precisa persistir com uma postura restritiva.

Para a estrategista de inflação da Warren Rena, Andréa Angelo, contudo, apesar de o IPCA-15 de agosto ter surpreendido para cima no "headline", a abertura continuou mostrando uma leitura qualitativa muito boa.

"O número de hoje confirma o otimismo de que a velocidade de arrefecimento da inflação de serviços está em linha com a projetada, embora com muita volatilidade entre as divulgações", afirmou.

No exterior, as atenções estão voltadas para a participação de Powell no simpósio do Fed em Jackson Hole, prevista para as 11h (de Brasília).

"Os elementos de sua fala serão relevantes para os analistas ponderarem a possibilidade da sequência do ritmo de aperto monetário na principal economia do mundo", afirmou a XP Investimentos a clientes, destacando também a fala da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, às 16h.

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Em Nova York, os futuros acionários norte-americanos abriram em alta.

Economistas do Bradesco acrescentam que, nos últimos meses, o Fed chegou dar uma pausa no ciclo de alta de juros, mas a persistência dos riscos inflacionários, diante do mercado de trabalho ainda aquecido, motivou a retomada do aperto monetário.

DESTAQUES

- GPA ON recuava 3,46%, a 6,14 reais, ainda sofrendo com ajustes relacionados à cisão de participação do grupo de varejo alimentar no colombiano Éxito, por meio de uma redução de capital. O crédito dos BDRs envolvidos na operação estava previsto para esta sexta-feira.

- MAGAZINE LUIZA ON perdia 2,32%, a 2,95 reais, em meio a movimento de alta nas taxas futuras de juros, com VIA ON em baixa de 1,88%, a 1,57 real.

- VALE ON subia 0,18%, a 62,31 reais, endossada pela alta dos contratos futuros do minério de ferro na Ásia, apoiada em medidas de suporte à recuperação econômica da China e no otimismo com as perspectivas de demanda no curto prazo.

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- PETROBRAS PN recuava 0,31%, a 32,09 reais, mesmo com aumento dos preços do petróleo no mercado externo, onde o Brent tinha elevação de 1,45%, a 84,57 dólares o barril.

- ITAÚ UNIBANCO PN registrava decréscimo de 0,84%, a 27,06 reais, enquanto BRADESCO PN desvalorizava-se 0,53%, a 14,94 reais.

- SÃO MARTINHO ON subia 3,16%, a 36,2 reais. O Bradesco BBI elevou a recomendação da ação para "compra", citando visão otimista sobre os preços do açúcar apoiada na alta probabilidade de um forte El Niño ocorrer ao longo do quatro trimestre de 2023 e do primeiro trimestre de 2024. RAÍZEN PN ganhava 0,27%.

- WEG ON mostrava acréscimo de 0,75%, a 36,25 reais, tendo como pano de fundo anúncio pela fabricante de motores elétricos e tintas industriais de investimento de 40 milhões de dólares na compra de novo terreno no México, país no qual está presente desde 2000.

- TENDA ON, que não está no Ibovespa, subia 0,74%, a 15,03 reais, após a construtora informar que fez pedido para oferta subsequente de até 18,75 milhões de ações, uma operação da ordem de 280 milhões considerando o preço de fechamento do papel na véspera.

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