Lula diz que Executivo precisa compreender que nenhum deputado é obrigado a votar com o governo

Por Maria Carolina Marcello

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a atenção nesta sexta-feira para a importância de o Executivo entender que os parlamentares não são obrigados a votar com o governo, o que exige capacidade de diálogo e convencimento, avaliou, em um momento em que estuda alterações ministeriais para acomodar partidos do chamado centrão.

Em discurso na Assembleia Nacional de Angola, Lula afirmou que o exercício da democracia envolve conversar com pessoas com quem não há afinidade para firmar "alianças políticas".

"É importante que quem esteja no Executivo compreenda que nenhum deputado é obrigado a votar numa coisa que o governo fez porque foi o governo que fez. É importante que a gente tenha a humildade de compreender que ninguém é obrigado a concordar conosco se nós não tivermos capacidade de convencer as pessoas de que aquilo é importante para o povo do país", disse o presidente.

"Toda hora, a todo momento, de domingo a domingo, você tem que conversar com pessoas que você não gosta, com pessoas que não gostam de você, mas que a gente aprende a dialogar, porque essa superação da relação entre seres humanos é que permite que a democracia seja uma coisa tão extraordinária que permitiu que, no meu país, um torneiro mecânico chegasse à Presidência da República."

Partidos do centrão pressionam por mais espaço no Executivo em troca de votos no Congresso Nacional. O Palácio do Planalto já tem os nomes escolhidos pelo grupo, mas não há definição sobre quais pastas irão ocupar.

A expectativa é que Lula defina as mudanças em seu ministério quando retornar da viagem à África.

GOLPE

O presidente aproveitou a homenagem recebida pela assembleia do país africano para agradecer as manifestações de apoio do presidente angolano por ocasião dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro em que as sedes dos Três Poderes do Brasil foram invadidas e depredadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Lula responsabilizou seu antecessor pelas ações. Bolsonaro não reconheceu o resultado das eleições vencidas pelo petista e atacava a credibilidade do sistema de votação eletrônica do país.

"Registro aqui nossa gratidão aos nossos amigos angolanos pelo apoio estendido ao Brasil pelo presidente João Lourenço e seu governo quando vivemos em 8 de janeiro deste ano a tentativa de um golpe às sedes dos Três Poderes dado pelo ex-presidente da República", declarou o presidente brasileiro.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello, em Brasília)

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