Dólar passa a cair frente ao real após dados de emprego dos EUA

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar passou a cair frente ao real nesta terça-feira, em linha com o comportamento da divisa no exterior, depois que dados apontando arrefecimento do mercado de trabalho dos Estados Unidos reduziram temores sobre a política monetária do Federal Reserve.

Às 11:32 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,27%, a 4,8625 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,28%, a 4,8645 reais.

Um relatório mostrou nesta manhã que as vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos caíram pelo terceiro mês consecutivo em julho, à medida que o mercado de trabalho desacelera gradualmente.

"Relatório Jolts trazendo alívio hoje, com a queda no número de vagas abertas nos EUA bem maior que a expectativa", escreveu Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter. "Finalmente a esperada desaceleração no mercado de trabalho americano dando sinais."

Na esteira dos dados, o índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes caía 0,2%, abandonando fortes ganhos de mais cedo, uma vez que evidências de arrefecimento do mercado de trabalho norte-americano podem levar o Fed a abrandar sua postura em relação ao combate à inflação.

Vários outros dados econômicos importantes estão agendados para esta semana, incluindo o índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) e um relatório de criação de empregos não agrícolas, o que mantinha os operadores ansiosos, conforme aguardam mais pistas sobre se o Federal Reserve voltará a elevar os juros ainda este ano.

Juros mais altos nos EUA tendem a impulsionar o dólar ao tornar os retornos do mercado de renda fixa norte-americano mais atraentes, enquanto a perspectiva de uma postura monetária mais branda por lá costuma beneficiar moedas rivais do dólar, principalmente as de países com taxas mais altas, que oferecem maior rentabilidade.

No Brasil, investidores seguem no aguardo da divulgação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, agendados para o final da semana, enquanto digerem uma medida provisória do governo para instituir uma tributação periódica sobre os rendimentos de fundos exclusivos de investimento.

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Num geral, não se vê grande impacto da MP nos negócios desta terça-feira, uma vez que a medida já era esperada, enquanto a maioria dos investidores entende que esta é uma tentativa do governo de elevar as receitas de forma a conseguir atender às metas previstas no novo arcabouço fiscal.

"Como temos dito, o governo terá de aprovar recorrentemente medidas para aumentar a arrecadação de impostos devido ao novo quadro fiscal, de forma que são esperadas medidas adicionais até o final do ano", avaliou o Citi em relatório.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8755 reais na venda, com leve variação positiva de 0,01%.

(Edição de Isabel Versiani e Camila Moreira)

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