Japão está em "ponto de inflexão" em batalha de 25 anos contra a deflação, diz governo

Por Leika Kihara

TÓQUIO (Reuters) - O Japão pode estar em um ponto de inflexão em sua batalha de 25 anos contra a deflação uma vez que os aumentos de preços e salários mostram sinais de ampliação, disse o governo nesta terça-feira, sinalizando sua convicção de que a economia está próxima do fim da estagnação.

A visão otimista ecoa a do Banco do Japão, que afirmou que o comportamento das empresas na fixação de preços e salários está mudando e pode abrir caminho para a eliminação gradual do suporte fiscal e monetário no país.

"O Japão tem visto os aumentos de preços e salários se ampliarem desde a primavera de 2022. Essas mudanças sugerem que a economia está chegando a um ponto de inflexão em sua batalha de 25 anos contra a deflação", disse o governo em seu relatório econômico anual.

"Não devemos descartar o fato de que uma janela de oportunidade pode estar se abrindo para sair da deflação", à medida que a inflação aumenta e as percepções do público sobre a queda persistente dos preços diminuem, disse.

O relatório não chegou a dizer que o Japão erradicou totalmente o risco de retorno da deflação, apontando para um "ritmo ainda moderado" de aumento nos preços dos serviços.

"Ao determinar a tendência da inflação, é importante observar os preços dos serviços", uma vez que eles refletem a demanda doméstica e os salários de forma mais vívida do que os preços dos produtos, disse o relatório.

No relatório do ano passado, o governo disse que a inflação foi modesta, exceto por alguns produtos relacionados a alimentos e energia.

A mudança de tom em relação aos riscos de deflação ressalta a alteração de prioridades do governo, uma vez que o aumento dos custos das commodities e o estreitamento do mercado de trabalho elevam a inflação e ampliam as preocupações do público em relação ao aumento das despesas.

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O núcleo da inflação japonesa atingiu o maior nível em quatro décadas em janeiro, de 4,2%, e permanecia acima da meta de 2% do banco central por 16 meses consecutivos em julho, à medida que mais empresas repassam os custos mais altos das matérias-primas.

Este ano, as empresas ofereceram os maiores salários em três décadas, aumentando os argumentos a favor de um recuo da política monetária ultrafrouxa.

Mas o governo se absteve de declarar oficialmente o fim da deflação, argumentando que isso requer não apenas aumentos de preços subjacentes, mas também sinais claros de que o Japão não voltará a ter períodos de queda de preços.

"Precisamos erradicar a mentalidade deflacionária que assola as famílias e as empresas", disse o relatório, acrescentando que o governo deve trabalhar em estreita colaboração com o banco central para alcançar um crescimento salarial sustentado.

Desde que declarou o Japão em estado de deflação em 2001, o governo colocou o fim da queda de preços entre suas principais prioridades. Esse enfoque levou a anos de grandes gastos fiscais para sustentar a economia e manteve a pressão sobre o banco central para que mantivesse uma política monetária ultrafrouxa.

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