Número de pessoas trabalhando sobe e desemprego no Brasil cai a 7,9% no tri até julho

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil caiu a 7,9% no trimestre encerrado em julho, resultado mais baixo para o período em nove anos, mostrando que o mercado de trabalho segue resiliente com aumento no número de pessoas tabalhando.

O dado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgado nesta quinta-feira foi ainda o mais baixo para qualquer trimestre desde o findo em dezembro de 2022 (7,9%), depois de ter ficado em 8,5% nos três meses imediatamente anteriores, até abril.

O dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostrou forte recuo ante a taxa de 9,1% vista no mesmo período do ano anterior e ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.

“Esse recuo no trimestre encerrado em julho ocorreu principalmente pela expansão do número de pessoas trabalhando”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.

“Há uma melhora na abertura de vagas e houve ainda uma queda na procura por trabalho", completou ela, ressaltando no entanto que a trajetória de queda da taxa de desemprego vem perdendo força.

O mercado de trabalho brasileiro mostrou resiliência na primeira metade de 2023, mas a perda do fôlego da atividade econômica deve levar a um aumento da taxa de desemprego de forma lenta à frente, ainda que se mantendo em patamares historicamente baixos.

"A leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte e com uma composição saudável, recuperando suas características intrínsecas", disse a equipe do PicPay em nota. "Olhando à frente, entendemos que os efeitos defasados da política monetária contribuirão para um aumento da taxa de desemprego, que ainda resistirá em patamares historicamente baixos por mais um bom tempo."

No trimestre até julho, o total de ocupados chegou a 99,334 milhões, uma alta de 1,3% em relação aos três meses encerrados em abril e um ganho de 0,7% sobre o mesmo período de 2022.

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O número de desempregados, por sua vez, caiu 6,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior, a 8,522 milhões de pessoas, o que também representou recuo de 13,8% ante o trimestre até julho de 2022 e marcou o menor contingente de desempregados desde junho de 2015.

Segundo o IBGE, na comparação trimestral, o aumento da ocupação foi influenciado pelo grupamento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (mais 593 mil pessoas); seguido de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (mais 296 mil pessoas).

Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 0,6% no período, mas os que não tinham carteira dispararam 4,0% no trimestre até julho. No setor público, houve aumento de 2,6%.

"Na época da pandemia a informalidade vinha (dos trabalhadores por) conta própria. Esse movimento de agora mostra o emprego sem carteira tendo papel relevante para o mercado de trabalho. A informalidade tem sido importante para ocupação no Brasil, e não é de hoje", disse Beringuy.

No período, a renda foi de 2.935 reais, contra 2.916 reais nos três meses até abril e 2.792 reais no trimestre até julho do ano passado.

"Apesar do bom momento do mercado de trabalho, o rendimento médio ficou estável no trimestre e não mostra pressão inflacionária adicional, o que deve permitir a continuidade do processo de afrouxamento monetário pelo Banco Central", avaliou Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

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O BC deu início neste mês a um ciclo de cortes de juros, levando a taxa básica a 13,25% e indicando novos cortes de 0,5 ponto percentual à frente.

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