Petrobras revisa contrato com Vibra e visa se aproximar de consumidor final

Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier e Fabio Teixeira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras está revisando o contrato com a Vibra, antiga BR Distribuidora, sobre o uso da marca da petroleira nos postos de combustíveis e poderá anunciar decisões sobre o tema no início do próximo ano, afirmou nesta terça-feira o CEO da estatal, Jean Paul Prates.

A medida, segundo o executivo, faz parte de análise em curso pela Petrobras para encontrar meios de a companhia voltar a atuar com negócios relacionados aos clientes finais de energia, após ter vendido completamente a BR Distribuidora sob a gestão do governo de Jair Bolsonaro.

A Vibra tem atualmente o direito de usar a marca da BR, sem que a Petrobras tenha participação na companhia.

"Vamos ter surpresa mas não posso revelar... não é uma tecla que volta as coisas, tipo assim, vai lá e compra a Vibra de volta ou faz uma operação 'estrambólica' para ter os postos. Vai passar por conversas com a Vibra que é nosso principal parceiro de combustíveis", disse Prates, ao falar com jornalistas em evento de celebração dos 70 anos de Petrobras.

"Para essas novidades (sobre a Vibra), tem que rever aquela questão do contrato. Já disse isso claramente, a Vibra sabe e a gente está sentando para ver esse processo e o contrato tem algumas coisas que a gente não compreende até hoje e qual foi o racional daquilo", afirmou pontuando que a companhia tem um bom diálogo com a Vibra.

Prates destacou considerar que "a marca BR é extremamente valiosa". "Recebemos recentemente os licenciados no Paraguai e no Chile e nos reportaram qualidade e atratividade que a marca BR tem nesses mercados. A gente sabe do valor dela e a gente vai trabalhar em cima disso", concluiu, ao fim do evento.

Ao discursar por cerca de 20 minutos durante o evento de 70 anos da Petrobras para um auditório lotado no centro de pesquisas da empresa no Rio de Janeiro, com cerca de 450 pessoas, dentre elas autoridades, petroleiros e imprensa, e transmitido na internet, Prates afirmou que a Petrobras "enfrentou intempéries, seguiu firme, digna, altiva e porque não dizer revolucionária".

"O sonho de uma empresa integrada, do poço ao posto, desbravadora de fronteiras geográficas e tecnológicas, segue vivo."

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NOVA REALIDADE

Prates relembrou ainda em seu discurso passagens importantes da história da Petrobras e destacou que o próximo plano estratégico 2024-2028, previsto para novembro, irá indicar pilares para uma nova fase da companhia, com olhar importante para o futuro, visando a transição energética.

Segundo ele, o futuro talvez leve a companhia "do poço ao poste", sinalizando a intenção de transformar a Petrobras em uma empresa de energia com atuação até a carga de bateria de carros elétricos. Pontuou também que a Petrobras chegou aos seus 70 anos com propósito tão firme quanto em sua fundação, de protagonizar mudanças e transformações no Brasil.

O evento contou também com a transmissão de um vídeo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não pôde estar presente devido à cirurgia a que foi submetido recentemente.

Lula afirmou que tentaram privatizar a Petrobras, mas em razão da necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional, resolveram privatizar em fatias. "Graças à nossa volta ao governo desse país a gente vai fazer com que a Petrobras volte a ser aquela empresa importante", afirmou.

"A Petrobras é mais do que uma empresa de petróleo, óleo e gás. A Petrobras é uma empresa de desenvolvimento industrial."

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Ao fim do vídeo, Lula foi aplaudido de pé pela audiência, que contava também com diversos sindicalistas, que participaram ativamente da cerimônia, por vezes entoando gritos de guerra, com a participação da plateia, como "Defender a Petrobras, é defender o Brasil".

A participação dos sindicatos, que fizeram forte oposição ao governo passado, principalmente diante da venda de ativos da empresa, e por isso tiveram pouca participação junto à cúpula de gestões anteriores da petroleira, foi ainda mais ressaltada no evento ao fim do discurso do CEO, quando disse Prates afirmou: "os petroleiros estão no poder da Petrobras".

(Por Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier e Fábio Teixeira)

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