Taxas futuras de juros sobem e curva precifica chance de corte menor da Selic em dezembro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros passaram por mais uma sessão de alta firme no Brasil, em sintonia com o avanço dos títulos norte-americanos, o que fez a curva a termo refletir a possibilidade de o Banco Central cortar a taxa básica Selic em apenas 0,25 ponto percentual em dezembro -- e não em 0,50 ponto, como era o consenso.

Desde 20 de setembro, quando o Federal Reserve realizou seu último encontro de política monetária, o mercado de Treasuries vem se ajustando à perspectiva de juros maiores nos EUA por um período mais longo.

No início desta terça-feira, os rendimentos dos Treasuries avançaram para os maiores níveis em 16 anos, o que também dava força aos juros futuros no Brasil.

A pressão se intensificou às 11h, após o Departamento do Trabalho informar, por meio do relatório JOLTS, que as vagas de emprego em aberto nos EUA -- uma medida da demanda por mão de obra -- aumentaram em 690.000, chegando a 9,610 milhões no último dia de agosto. Economistas consultados pela Reuters previam 8,800 milhões de vagas de emprego em aberto em agosto.

Os números do mercado de trabalho reforçaram a perspectiva de juros elevados nos EUA para segurar a inflação.

“O que está acontecendo (na curva a termo brasileira) é reflexo principalmente do movimento dos Treasuries lá fora. O rendimento dos títulos norte-americanos, especialmente os de longo prazo, estão sendo negociados bem próximos dos níveis de 2007, antes da crise global”, pontuou Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.

No Brasil, o ajuste da curva desde o dia 20 de setembro foi perceptível: as taxas dos contratos para janeiro de 2026 e janeiro de 2027, por exemplo, subiram mais de 80 pontos-base.

Com o movimento desta terça-feira, a perspectiva para as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também se alterou. Para o encontro de novembro, a curva a termo ainda precifica quase 100% de chances de o corte da Selic ser de 0,50 ponto percentual.

Já para dezembro, de acordo com o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, a curva precificava durante a tarde quase 40% de chances de o corte ser de 0,25 ponto percentual, e não de 0,50 ponto percentual.

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Para o economista, no entanto, a precificação para dezembro estava contaminada por ordens de stop loss (parada de perdas) e a expectativa ainda é por um ciclo de cortes de 0,50 ponto percentual da Selic, “pelo menos até março”.

Moutinho, da Ebury, diz que a precificação de corte de 0,25 ponto percentual em dezembro é "precipitada".

“O Copom deve seguir nas próximas reuniões com corte de 0,50 ponto percentual. E caso os EUA não aumentem mais os juros, grande parte do sentimento negativo do mercado poderá ser revertido”, disse.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,266%, ante 12,251% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,145%, ante 11,009% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 11,03%, ante 10,814%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,265%, ante 10,028%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,54%, ante 11,309%.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou pela manhã que em agosto a produção industrial cresceu 0,4% ante o mês anterior, após queda de 0,6% em julho.

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Às 16:41 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 12,30 pontos-base, a 4,806%.

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