Taxas futuras de juros têm leve alta com mercado à espera de relatório de empregos nos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quinta-feira com leve alta no Brasil, em especial na ponta longa, com investidores mantendo posições mais conservadoras em relação ao futuro da Selic e à espera do relatório de emprego payroll nos EUA, na sexta-feira.

Nos EUA, os rendimentos dos Treasuries registravam baixas -- ainda que contidas -- durante a tarde, com investidores à espera dos números de sexta-feira do mercado de trabalho, que podem passar indicações mais claras sobre o futuro da política monetária norte-americana.

Apesar do viés de baixa vindo do exterior, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) sustentaram leves ganhos no Brasil na ponta longa. Além da expectativa pelo payroll, que manteve alguns agentes do mercado mais posicionados em taxa, a curva a termo seguiu traduzindo apostas de que o ritmo de cortes da Selic, hoje em 12,75% ao ano, dificilmente vai acelerar em novembro e dezembro.

“A curva começou a precificar que as quedas de 0,50 ponto percentual, que antes até poderiam se transformar em 0,75 ponto percentual, poderão agora ser questionadas se houver este cenário de alta de juros nos EUA”, comentou Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “Alguns players estão um pouco mais cautelosos em relação à Selic”, acrescentou.

Pela manhã, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária ainda tem que percorrer uma "última milha" para conseguir a reancoragem total das expectativas de inflação, classificando o cenário inflacionário no Brasil como "benigno", mas "persistente".

No exterior, desde que o Federal Reserve realizou seu último encontro de política monetária, em 20 de setembro, o mercado de Treasuries vem se ajustando à perspectiva de juros maiores nos EUA, por um período mais longo.

Dados econômicos divulgados depois disso -- como o índice de serviços do ISM na segunda-feira e o relatório JOLTS na terça-feira, ambos considerados positivos -- reforçaram a visão de que os juros seguirão em patamares elevados nos EUA, o que deu o impulso recente às taxas futuras no Brasil. Nesta quinta-feira, elas se mantiveram em patamares mais altos.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,242%, ante 12,245% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,98%, ante 10,977% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 11,865%, ante 10,851%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,125%, ante 11,089%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,43%, ante 11,376%.

Com o movimento desta quinta-feira, perto do fechamento a curva a termo precificava em 96% as chances de o corte da Selic em novembro ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual -- uma possibilidade surgida após o rali mais recente -- eram precificadas em 4%.

Nos EUA, pela manhã, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 2.000 na semana encerrada em 30 de setembro, para 207.000, em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 210.000 pedidos para a última semana.

O resultado -- muito próximo do esperado -- manteve a expectativa dos investidores para o payroll de sexta-feira.

Às 16:43 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- caía 2,50 pontos-base, a 5,0246%.

O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 2,10 pontos-base, a 4,7144%.

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