Zelenskiy diz à Europa que Rússia atacará outros países se Ucrânia perder
Por Andrew Gray e Gabriela Baczynska e Belén Carreño
GRANADA, ESPANHA (Reuters) - O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy alertou os líderes europeus nesta quinta-feira de que a Rússia poderá reconstruir suas capacidades militares e atacar outros países dentro de cinco anos se o continente reduzir seu apoio a Kiev.
Zelenskiy, que participa de uma cúpula da Comunidade Política Europeia, também disse que continua confiante na continuidade da ajuda financeira dos Estados Unidos e da Europa, apesar das "tempestades políticas" em Washington e em outros lugares.
O presidente da Ucrânia descreveu como as crianças ucranianas na cidade de Kharkiv, no leste do país, estavam aprendendo remotamente ou assistindo às aulas em estações de metrô por causa dos ataques aéreos.
"Até que haja um sistema de defesa aérea totalmente eficaz, as crianças não poderão frequentar a escola", disse ele à reunião na cidade espanhola de Granada, cerca de 4 mil quilômetros a oeste de Kharkiv.
Fornecer mais equipamentos militares à Ucrânia pode significar que um "drone, tanque ou qualquer outra arma russa não atingirá mais ninguém na Europa", disse ele.
"Não devemos permitir que (o presidente russo Vladimir) Putin desestabilize qualquer outra parte do mundo e nossos parceiros para arruinar o poder da Europa", disse Zelenskiy.
"A presença da Rússia, de seus militares ou de seus representantes no território de qualquer outro país é uma ameaça para todos nós. Devemos trabalhar juntos para expulsar a Rússia do território de outros países."
COMPROMISSO
A chefe da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o bloco estava trabalhando em um pacote de 50 bilhões de euros para a Ucrânia entre 2024 e 2027, acrescentando que ela estava "muito confiante" sobre a continuação da ajuda dos Estados Unidos para Kiev.
Alguns países também fizeram promessas em Granada.
Zelenskiy disse na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, que havia discutido com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, o anfitrião da cúpula, um novo pacote de ajuda militar, assistência energética e como manter aberto um corredor no Mar Negro para as exportações de grãos ucranianos.
Uma fonte do governo espanhol disse que Madri fornecerá sistemas de defesa aérea e antidrone para a Ucrânia, e treinamento para soldados ucranianos sobre como usá-los.
DESAFIOS
A cúpula também discutirá os esforços da Ucrânia e de outros países para aderir à União Europeia, e a forma de lidar com as crescentes chegadas de refugiados e migrantes do Oriente Médio e da África -- vistos como desafios existenciais para o bloco.
"Passar de uma União Europeia de 27 para uma de 35 criará muitos desafios internamente. Abriremos em Granada esse grande debate que nos levará a uma profunda reforma da União Europeia", disse Sánchez.
As discussões à margem do encontro desta quinta-feira se concentrarão nas crises entre Azerbaijão e Armênia e entre Sérvia e Kosovo, que se acenderam nas últimas semanas em meio aos esforços fracassados do bloco europeu na mediação.
As esperanças de uma primeira reunião entre os líderes do Azerbaijão e da Armênia desde a operação militar de Baku no mês passado para retomar o controle do enclave de Nagorno-Karabakh foram frustradas quando o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, decidiu não comparecer.
Muitos líderes da União Europeia condenaram a operação do Azerbaijão, que provocou o êxodo de mais de 100 mil armênios étnicos.
Outros, cientes de que Baku aumentou o fornecimento de gás para o bloco durante uma crise energética no ano passado, enfatizaram a necessidade de se concentrar em ajudar a Armênia a lidar com a crise humanitária imediata, além de fornecer apoio político e econômico.
(Reportagem adicional de Inti Landauro, Andreas Rinke, Anna Pruchnicka, Bart Meijer, Sudip Kar-Gupta e Marine Strauss)
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