Campos Neto repetirá comunicação do Copom em reunião do FMI, mas com aceno a risco geopolítico, mostra apresentação

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai repetir nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Marrocos a comunicação do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), mostrou uma apresentação divulgada nesta quarta-feira pela assessoria de imprensa da autarquia, que trouxe também o reconhecimento de novos riscos geopolíticos.

No documento, preparado para encontros com investidores durante as reuniões do FMI em Marrakech, Campos Neto mostrou a indicação vista no comunicado e na ata do último Copom, de que "o contexto atual, caracterizado por uma fase em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento e com reancoragem parcial das expectativas de inflação, exige serenidade e moderação na condução da política monetária".

Ele citou ainda na apresentação a avaliação feita na ocasião pelo BC de que novas reduções da mesma magnitude devem ser apropriadas se o cenário evoluir conforme o esperado, embora a magnitude total do ciclo de afrouxamento ainda não esteja definida.

Em setembro, o Banco Central cortou a Selic em 0,50 ponto percentual pela segunda vez seguida, a 12,75% ao ano.

Por outro lado, Campos Neto mencionou na apresentação "tensões geopolíticas renovadas com possíveis efeitos sobre a inflação (especialmente sobre a energia), a atividade econômica e o aperto das condições financeiras", em meio ao conflito entre Israel e o Hamas, que impulsionou recentemente os preços do petróleo. A apresentação não trouxe mais detalhes do que será falado em relação a esse tópico.

Na segunda-feira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária observará os efeitos do conflito entre Israel e o Hamas no preço dos ativos e na inflação, mas que, por enquanto, a autarquia irá manter o mesmo posicionamento da última reunião do Copom.

Campos Neto disse ainda na apresentação que "os preços dos serviços (no Brasil) continuam resilientes" e que o "processo de desinflação tende a ser lento e não linear", ao mesmo tempo que voltou a citar resiliência do crescimento econômico e do mercado de trabalho.

(Por Luana Maria Benedito)

Deixe seu comentário

Só para assinantes