Governador do RJ pede maior presença federal e endurecimento de leis após atos de "terrorismo"

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou nesta terça-feira que a situação na capital fluminense estava voltando à normalidade após uma onda de ataques promovida por milicianos na véspera, e disse que vai se encontrar com os presidentes da Câmara e do Senado e com o ministro da Defesa para pedir um endurecimento das leis contra o crime e uma maior participação das forças federais de segurança no Estado.

Castro classificou de "terrorismo" os ataques de segunda-feira, quando 35 ônibus, dois caminhões, dois carros de passeio e um trem foram incendiados na zona oeste da capital em represália da maior milícia do Rio à morte do número 2 da hierarquia do grupo criminoso durante uma operação policial.

“Os presos serão indiciados por terrorismo. Isso é terrorismo e assim que será encarado”, disse o governador em entrevista a jornalistas. Ao menos 12 pessoas foram presas por envolvimento nos incêndios, de acordo com a Polícia Militar.

O governador afirmou que vai à Brasília pedir ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que aprovem leis mais duras contra o crime e, especialmente, o que chamou de "atos terroristas".

“É preciso endurecer a legislação federal... ou endurece a legislação ou a gente vai ser uma mistura de México com Colômbia. É isso que o Brasil está virando”, disse o governador a jornalistas, acrescentando que irá pedir que não haja mais progressão de regime de pena para "atos terroristas" no país.

O encontro com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, vai incluir um pedido por uma atuação mais intensa das forças federais em estradas, portos, aeroportos e divisas do Rio para impedir a entrada de armas e drogas no Estado, disse o governador.

Os ataques se concentraram na zona oeste, região que vive uma disputa territorial entre grupos criminosos rivais, e ocorreram em reação a uma operação policial na qual o sobrinho do líder da maior milícia do Estado morreu, de acordo com a Polícia Civil. Uma fonte do governo do Rio revelou que o criminoso estaria costurando uma aproximação do grupo miliciano com a maior facção do tráfico de drogas do Estado.

A Força Nacional de Segurança Pública já está com um efetivo de mais de 300 agentes no Rio de Janeiro, enquanto a Polícia Rodoviária Federal colocou cerca de 250 homens em rodovias federais no Estado. A Polícia Federal também está atuando mais intensamente em portos e aeroportos.

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O governador descartou a necessidade de uma nova intervenção federal na segurança pública do Rio, como ocorreu em 2018, mas cobrou uma maior integração.

“Virou questão nacional, seja pelo poder bélico seja pela lavagem de dinheiro que perpassa as divisas do Estado. Ou a gente trabalha em conjunto ou vai enxugar gelo", disse.

Também nesta terça-feira, em live nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que a questão da segurança pública no Rio também é um problema do Brasil e que o governo federal ajudará no combate ao crime organizado e às milícias no Estado, ao mesmo tempo em que descartou uma intervenção federal.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou na segunda-feira que vai aumentar "mais ainda" as equipes federais em apoio ao Estado e à capital. Ele enviou o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli; o secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar; e o comandante da Força Nacional, coronel Alencar, ao Estado, nesta terça-feira, para se reunir com as autoridades estaduais.

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