Ibovespa avança e fecha na máxima desde agosto com alívio na curva de juros e Wall St
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O tom positivo prevaleceu na bolsa paulista nesta sexta-feira, com o Ibovespa fechando na máxima em três meses, em desempenho favorecido pelo alívio na curva futura de juros na esteira da desaceleração do IPCA em outubro e reforçado por Wall Street.
Investidores também repercutiram uma nova bateria de resultados corporativos, entre eles os números de Petrobras, Bradesco, Lojas Renner, B3, que tiveram efeito misto nas respectivas ações.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,29%, a 120.568,14 pontos, maior patamar de fechamento desde o início de agosto, fortalecido ainda pela alta de Vale na esteira do avanço dos futuros do minério de ferro na China.
Na máxima do dia, chegou a 120.822,77 pontos. Na mínima, a 119.035,85 pontos. O volume financeiro somou 23,6 bilhões de reais.
Com tal performance, o Ibovespa encerrou a semana com alta de 2,04%, cravando o terceiro ganho semanal consecutivo.
Antes da abertura, o IBGE divulgou que o IPCA no mês passado registrou alta de 0,24%, após avanço de 0,26% em setembro e expectativas de economistas de elevação de 0,29%. Em 12 meses, o índice acumulava aumento de 4,82%.
Na visão do sócio e gestor de ações da Ace Capital, Tiago Cunha, a leitura positiva do IPCA de outubro chancela o cenário, já presente na ata da última reunião do Copom, de que há espaço para cortes adicionais de juros.
"Obviamente, a divulgação de um dado mais fraco de inflação aumenta a confiança desse cenário, o que alimentou o movimento de fechamento de juros e valorização da bolsa", afirmou.
A queda nas taxas dos contratos de DI beneficiou ações de setores sensíveis a juros, com o índice de consumo da B3 avançando 1,63%, enquanto o do setor imobiliário fechou com acréscimo de 2,52%.
No exterior, Wall Street também fechou no azul, com o S&P 500 em alta de 1,56%, amparado na acomodação dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
De acordo com gestor de renda variável da Western Asset, César Mikail, os ativos continuam ajustando-se à percepção de aumento na chance de o Federal Reserve parar o aperto monetário, provocando alívio na curva de juros e ajudando as bolsas.
"Vamos ver nas próxima semanas. Se se confirmar essa tendência, os mercados podem andar mais e o Brasil vai junto com o mercado americano", acrescentou.
DESTAQUES
- VALE ON subiu 1,53%, a 71,55 reais, conforme o preço do minério de ferro continuou em trajetória de recuperação nesta sexta-feira, a caminho de fechar a terceira semana consecutiva de ganhos, apoiado por preocupações com a oferta e retomada das esperanças de melhora na demanda do setor imobiliário da China. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou o dia com alta de 2,56%, para 961,5 iuans (131,84 dólares) a tonelada, o maior valor desde agosto de 2021.
- BRADESCO PN caiu 1,44%, a 15,04 reais, tendo no radar a divulgação do balanço do terceiro trimestre, com lucro líquido recorrente de 4,62 bilhões de reais, queda de 11,5% frente ao mesmo período do ano anterior. A inadimplência acima de 90 dias subiu a 6,1%, contra patamar de 5,9% no trimestre imediatamente anterior e de 3,9% um ano antes. O Bradesco ainda manteve suas projeções para 2023. O presidente do banco disse em conferências a jornalistas e analistas que a inadimplência atingiu um pico no período.
- B3 ON valorizou-se 4,85%, a 12,96 reais, com o resultado do terceiro trimestre mostrando lucro líquido recorrente de 1,16 bilhão de reais, alta de 0,5% na comparação com o mesmo período em 2022. A receita líquida somou 2,25 bilhões de reais, declínio 0,4%.
- PETROBRAS PN recuou 0,46%, a 34,72 reais, no primeiro pregão após a companhia reportar lucro líquido 26,63 bilhões de reais no terceiro trimestre, queda de 42,2% ano a ano, diante de um recuo nos preços globais do petróleo e também pela redução das margens dos derivados no mercado internacional. A Petrobras também anunciou pagamento de 17,5 bilhões de reais em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas e elevou a estimativa de produção de óleo e gás em 2023.
- MRV&CO ON subiu 6,30%, a 10,12 reais, apoiada no alívio na curva de DI, mas também tendo de pano de fundo a retomada o julgamento no STF da ação sobre a correção do saldo das contas do FGTS possíveis modulações propostas. Analistas da XP afirmaram ainda ver vemos possíveis impactos negativos para as construtoras de baixa renda no longo prazo, mas as modulações parecem ter efeitos menores em comparação com o cenário inicial do caso.
- GOL PN fechou em alta de 4,92%, a 8,74 reais, e AZUL PN ganhou 4,78%, a 15,35 reais, após ambas divulgarem dados operacionais de outubro. No caso da Gol, a demanda total subiu 2,6% enquanto a oferta caiu 1,2%. A Azul, por sua vez, divulgou avanço de 13,7% na demanda e de 8,4% na oferta.
- ENERGISA UNIT avançou 5,11%, a 50,37 reais, após reportar lucro líquido ajustado recorrente de 538 milhões de reais, avanço de 19,1% ano a ano, enquanto a receita operacional líquida sem receita de construção subiu 20,9%. A companhia também disse que controladas do grupo aprovaram dividendos intercalares e juros sobre capital próprio.
- LOJAS RENNER ON recuou 4,35%, a 12,96 reais, após divulgar queda de quase 33% no lucro líquido no terceiro trimestre, para 172,9 milhões de reais, em desempenho que a varejista atribuiu à menor geração operacional tanto no varejo quanto em serviços financeiros, além de efeito tributário. A receita líquida de varejo da Lojas Renner subiu 0,8% e as vendas em mesmas lojas registram acréscimo de 0,6%. O CEO disse que a companhia espera entrar em ciclo mais positivo nos próximos trimestres.
- LOCAWEB ON fechou em baixa de 5,30%, a 6,26 reais, após o balanço do terceiro trimestre mostrar queda de quase 25% no lucro líquido ajustado, a 24,5 milhões de reais. A receita operacional líquida avançou cerca de 9% ano a ano, para 330,1 milhões de reais.
- SÃO MARTINHO ON caiu 3,14%, a 33,27 reais, com o balanço trimestral mostrando Ebitda ajustado de 654,9 milhões de reais, queda de 16,9%, enquanto o lucro líquido saltou 96,7%, para 418,1 milhões de reais, ajudado pelo recebimento do Precatório da Copersucar. A companhia também ajustou previsão de investimentos para a safra 2023/2024 para 2,73 bilhões de reais, de 2,47 bilhões de reais anteriormente.
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