Plano da Petrobras deve incluir projetos em análise e elevar total a US$100 bi, diz fonte

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O primeiro Plano Estratégico (PE) da Petrobras sob o governo Lula, ainda em elaboração, deverá passar a incluir a publicação de investimentos em análise, além dos projetos firmes, o que elevaria o total para um montante em cinco anos de cerca de 100 bilhões de dólares, afirmou à Reuters nesta sexta-feira uma fonte a par das discussões.

A conclusão do planejamento para o período 2024-2028, assim como a sua aprovação em instâncias internas, ocorrerá ao longo das próximas semanas, com previsão de publicação no fim deste mês.

A inclusão de carteira de projetos em análise no plano materializa números antes não incluídos pela empresa. Considerando apenas investimentos firmes, a perspectiva atual é que os aportes do PE possam crescer 10%, para cerca de 86 bilhões de dólares, segundo a fonte, que falou na condição de anonimato.

No plano anterior, para o período 2023-2027, a Petrobras projetou 78 bilhões de dólares.

Os valores ainda estão em aprovação e podem sofrer alterações. O investimento em análise deve incluir diversos projetos ligados à transição energética. Procurada, a Petrobras não comentou o tema imediatamente.

O objetivo é elevar a transparência da companhia, que passou os governos anteriores focada em venda de ativos e sem importantes e novos projetos fora do segmento de petróleo e gás natural, acrescentou a fonte.

O presidente da companhia, Jean Paul Prates, falou em agosto à Reuters que a companhia não teria pressa para bater o martelo sobre o incremento de projetos renováveis em seu portfólio e que deveria ter mais definições sobre empreendimentos que visam a transição energética entre o fim deste ano e o primeiro semestre de 2024.

Em junho, a empresa decidiu que aportará em projetos de energias renováveis e em descarbonização entre 6% e 15% do investimento total de seu Plano Estratégico 2024-2028, contra 6% no planejamento quinquenal atual.

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Segundo a fonte, atualmente a perspectiva da gestão é que possa atingir cerca de 12% no horizonte de cinco anos.

DESEMPENHO TRIMESTRAL

A companhia publicou na véspera um lucro líquido de 26,63 bilhões de reais no terceiro trimestre, queda de 42,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, diante de um recuo nos preços globais do petróleo e também pela redução das margens dos derivados no mercado internacional.

O petróleo Brent, referência internacional, caiu 14% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, para 86,76 dólares por barril, mostrou a companhia.

Mas, ao publicar os dados trimestrais, a empresa frisou que a queda dos preços do petróleo e das margens dos derivados "afetaram não só a Petrobras, mas a indústria de óleo, gás e derivados como um todo".

De toda forma, a petroleira destacou que apresentou menores perdas de fluxo de caixa operacional (FCO) e livre (FCL) na comparação com as empresas pares internacionais.

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Segundo cálculos da companhia em dólar, enquanto na média as empresas globais de petróleo ("majors") da indústria apresentaram uma redução média de 28% no FCO e 43% no FCL no acumulado dos nove meses em 2023 ante igual período do ano passado, a Petrobras reportou queda de 14% e 25% respectivamente.

Para o cálculo, a Petrobras considerou as petroleiras BP, Chevron, Equinor, Exxon, Shell e TotalEnergies.

Nesta sexta-feira, a petroleira buscará reforçar junto a analistas dados que reforçam o desempenho operacional da companhia ao longo do ano.

Segundo cálculos internos, a Petrobras deu retorno de 75% ao acionista nos primeiros nove meses de 2023, entre valorização da ação e dividendos, contra 8% da media das "majors", disse a fonte.

A companhia teve ainda um Ebitda de 15,6 bilhões de dólares no terceiro trimestre, maior que média das "majors" (13,1 bilhões de dólares), segundo os cálculos. A Petrobras teve ainda um fluxo de caixa livre de 8,4 bilhões de dólares, superior a média das grandes petroleiras, que foi de 6 bilhões de dólares.

Além disso, a empresa reportou o quarto maior fluxo de caixa operacional da história, mesmo com preços de petróleo abaixo dos picos históricos, disse a fonte.

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