StoneCo vê lucro de R$4,3 bi em 2027 com integração entre software e serviços financeiros

SÃO PAULO (Reuters) - A StoneCo divulgou nesta quarta-feira projeções para 2024 e para o ciclo dos próximos quatro anos, com uma expectativa de multiplicar o lucro em mais de oito vezes até 2027 frente ao registrado em 2022.

Para alcançar a estimativa, a companhia pretende acelerar a integração entre a operação financeira e de software, além de crescer no segmento de micro, pequenas e médias empresas, embora mantendo o patamar de investimentos controlado, disseram executivos da empresa.

Em evento anual com investidores, em Nova York, a companhia divulgou projeção de lucro líquido ajustado de, no mínimo, 1,9 bilhão de reais em 2024 e de ao menos 4,3 bilhões de reais em 2027. A StoneCo fechou o ano passado com lucro líquido ajustado de 526 milhões de reais.

O anúncio das novas projeções vem depois de, na sexta-feira à noite, a companhia divulgar salto de mais de 300% no lucro ajustado do terceiro trimestre, em base anual. O balanço fez as ações da empresa, negociadas em Wall Street, avançarem 12,9% na segunda-feira.

"A companhia nos últimos anos construiu um modelo de negócios super-rentável e gerador de caixa. O que estamos fazendo agora é, no fundo, aproveitar e alavancar essas oportunidades, para usar esse caixa para fazer nosso negócio crescer e melhorar a rentabilidade", disse o presidente-executivo da StoneCo, Pedro Zinner, à Reuters.

A companhia estima que parte do salto no lucro virá de uma expansão no segmento de micro, pequenas e médias empresas (MPME), com uma utilização mais eficaz das ferramentas de distribuição dos serviços e produtos, seja no meio online ou no físico.

O volume de pagamentos transacionados pela companhia no segmento MPME deve ultrapassar os 412 bilhões de reais em 2024 e alcançar mais de 600 bilhões de reais em 2027, contra 290 bilhões de reais no ano passado. O take rate do segmento, parcela cobrada pela StoneCo, deve passar de 2,49% no ano que vem e de 2,70% em 2027, segundo a empresa. Em 2022, o indicador ficou em 2,15%.

INTEGRAÇÃO

A StoneCo tem como principal negócio o serviço de adquirente, em especial para MPMEs, mas vem maturando uma operação ainda inicial de crédito e, desde 2021, com a aquisição da Linx, também tem atuação relevante em softwares para gestão de negócios.

Continua após a publicidade

A operação de software, no entanto, só agora será mais integrada com o restante da companhia, em busca de oferecer aos clientes soluções completas.

"Acho que era muita coisa no prato para resolver ao mesmo tempo", disse Zinner, sobre a opção da empresa de não integrar totalmente os negócios inicialmente. Ele assumiu o comando da companhia mais cedo neste ano.

A StoneCo selecionou quatro verticais para priorizar essa atuação integrada, buscando atender o mesmo cliente com produtos de software, serviços bancários e de adquirente. São elas: varejo, alimentação, farmácias e postos de gasolina.

Lia Matos, diretora de estratégia e de marketing, disse à Reuters que essas verticais reúnem 76% das oportunidades de oferta de produtos e serviços financeiros aos clientes de software.

"Vamos mostrar que, quando o cliente usa essas soluções combinadas, a relação econômica dele é muito melhor", afirmou.

A empresa mira cumprir as novas projeções sem acelerar fortemente as despesas ou o nível de investimentos. A expectativa é de que as despesas administrativas ajustadas ultrapassem 1,13 bilhão de reais em 2024 e 1,45 bilhão de reais em 2027. No ano passado, as despesas administrativas ficaram em 1,12 bilhão de reais.

Continua após a publicidade

A StoneCo ainda divulgou projeções para seu negócio bancário. A empresa estimou que os depósitos de clientes alcancem mais de 7 bilhões de reais em 2024 e acima de 14 bilhões de reais em 2027, contra 4,5 bilhões de reais em setembro deste ano.

A carteira de crédito deve chegar a mais de 800 milhões de reais em 2024 e acima de 5,5 bilhões de reais em 2027. No final do terceiro trimestre, o portfólio estava em 113,5 milhões de reais.

(Por André Romani)

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.