Ibovespa tem recuo discreto com NY em dia de ata do Fed

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em leve queda nesta terça-feira, após série de quatro avanços seguidos, em movimento que acompanhou o recuo tímido dos principais índices em Wall Street, em sessão marcada pela divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed).

Petrobras e ações do setor financeiro ficaram entre as principais pressões de baixa ao Ibovespa, enquanto Vale e Gerdau ajudaram a limitar as perdas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em queda de 0,26%, a 125.626,03 pontos, após encerrar na véspera no maior patamar de fechamento desde julho de 2021.

O volume financeiro da sessão somou 22,7 bilhões de reais.

"O Ibovespa trabalhou em território negativo o dia todo influenciado pelas petroquímicas e (setor) financeiro", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acrescentando que agentes de mercado aguardaram pela ata do Fed, que, na visão dele, veio sem surpresas.

Na ata referente à reunião de 31 de outubro e 1° de novembro, autoridades do Fed concordaram em adotar uma abordagem cautelosa à frente para a taxa básica de juros dos Estados Unidos, e disseram que só precisarão aumentá-la "se" as informações recebidas mostrarem progresso insuficiente na redução da inflação.

O S&P 500, que já caía antes da ata, manteve a desvalorização e fechou em queda de 0,20%.

"Acredito que a ata do Fomc teve um tom cauteloso", disse Luciano França, sócio-fundador da Avantgarde Asset Management, ressaltando que o documento não teve impacto relevante no mercado acionário local.

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Em comentário a clientes, Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que o pouco impacto nos mercados vem após uma série de dados entre a decisão no início do mês, quando os juros foram mantidos, e a publicação da ata.

"Desde a decisão do Fed, já ouve um alívio significativo das taxas de juros de mercado e uma melhora nos dados de inflação, invalidando boa parte dos argumentos da ata", disse Borsoi.

Localmente, a terça-feira teve declarações de diversas autoridades, incluindo do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que disse ver a inflação do país convergindo para a meta em meio a dados, na visão dele, positivos. Além disso, o Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção de crescimento econômico do Brasil em 2023 e 2024.

No front fiscal, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação do projeto que muda a forma de tributação de fundos exclusivos e offshore para quarta-feira, após um pedido de vista da oposição, enquanto seis Estados anunciaram elevação da alíquota do ICMS, em um indicativo de que a reforma tributária -- ainda em tramitação no Congresso -- está longe de uma definição.

DESTAQUES

- VALE ON subiu 2,42%, a 77,9 reais, tendo de pano de fundo a alta dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado em Cingapura subiu 1,34%, para 132,85 dólares a tonelada, o maior valor desde 15 de março. O Goldman Sachs também elevou a recomendação do ADR da Vale para "compra", bem como o preço-alvo de 12,20 para 19,50 dólares.

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- PETROBRAS PN recuou 0,65%, a 36,5 reais, enquanto agentes financeiros seguiram atentos a ruídos envolvendo eventual mudança no controle da estatal. Nesta terça-feira, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, disse após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que terá novo encontro com ele na quarta-feira para discutir o plano estratégico 2024-2028 da petrolífera, e que não houve pedidos do governo para baixar os preços dos combustíveis. A Reuters publicou, na véspera, que integrantes do governo têm conversado sobre uma possível substituição de Prates. O Palácio do Planalto disse que não procede a informação sobre troca do CEO.

- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,16%, a 30,7 reais, e BRADESCO PN caiu 0,39%, a 15,41 reais.

- MARFRIG ON ganhou 1,93%, a 8,43 reais, após seu Conselho de Administração da Marfrig aprovar novo plano de recompra de até 31 milhões de ações.

- MAGAZINE LUIZA ON perdeu 6,58%, a 2,13 reais. Em novembro, até a véspera, acumulava alta de mais de 70%.

- AMERICANAS ON, que não está no Ibovespa, avançou 16,83%, a 1,18 real, em meio a expectativas de um acordo da varejista em recuperação judicial com bancos credores, embora a companhia tenha afirmado que não é possível estabelecer prazo para um potencial acerto.

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