Campos Neto diz que dados recentes são positivos e inflação no país está convergindo para meta

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que os dados mais recentes de inflação foram bons e que os números estão convergindo para as metas.

"A gente vê uma convergência, já com uma possibilidade grande de, em 2023 e 2024, estar dentro da meta", afirmou em evento da consultoria Arko Advice.

O mais recente boletim Focus do Banco Central, que capta projeções de agentes de mercado, aponta para uma inflação de 4,55% neste ano e de 3,91% em 2024 -- as metas são de 3,25% e 3,0%, respectivamente, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

O IBGE mostrou neste mês que a alta do IPCA teve leve desaceleração em outubro e ficou abaixo da esperada.

Campos Neto destacou que o núcleo da inflação do setor de serviços mostrou um comportamento positivo nos dados recentes.

Ele ponderou, no entanto, que aumentos de ICMS anunciados por Estados terão impacto sobre a inflação, podendo elevar o IPCA em 0,1 ou 0,2 ponto percentual.

Nesta terça, Estados do Sul e Sudeste anunciaram que decidiram aumentar a alíquota do ICMS, argumentando que o movimento é necessário para que não sejam prejudicados na distribuição de recursos após a entrada em vigor da reforma tributária sobre o consumo, prestes a ter sua aprovação concluída no Congresso.

O presidente do BC ressaltou que o crescimento potencial da economia brasileira parece estar um pouco maior, o que é uma boa notícia, mas destacou que a questão fiscal é "grande desafio" do país.

Enfatizando a importância do arcabouço aprovado este ano para as contas públicas, ele disse que as novas regras fiscais têm ajudado o BC no processo de queda dos juros.

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Na apresentação, Campos Neto voltou a destacar incertezas do ambiente internacional, reafirmando que o aumento nos juros de longo prazo em economias avançadas tende a sugar recursos de emergentes. Por isso, para ele, os países em desenvolvimento precisam "fazer o dever de casa melhor".

Ele disse ainda que a desinflação no mundo não virá de uma elevação do desemprego ou uma queda de salários, ao afirmar que o mercado de trabalho está apertado globalmente mesmo com as altas de juros.

(Por Bernardo Caram, reportagem adicional de Victor Borges)

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