Ibovespa tem alta discreta apoiada em Bradesco em dia sem NY e com declínio de commodities

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa tinha uma alta modesta nesta quinta-feira, apoiada no forte avanço das ações do Bradesco após anúncio de novo presidente-executivo, em pregão sem a referência de Wall Street e com queda de preços commodities no exterior.

Às 11h, o Ibovespa subia 0,13%, a 126.193,98 pontos. O volume financeiro somava 2,8 bilhões de reais.

As bolsas em Nova York estão fechadas em razão do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.

Na visão da equipe da corretora Commcor, com o feriado de "Thanksgiving" nos EUA reduzindo a liquidez local, investidores também devem continuar monitorando o cenário fiscal brasileiro, após revisões do governo para o déficit desse ano.

"Tal mudança elevou a cautela em relação ao âmbito fiscal, em especial ao cumprimento da meta de déficit zero no ano que vem", afirmou, acrescentando que um quadro fiscal deteriorado dificulta uma queda mais robusta da Selic no longo prazo.

Apesar da hesitação, o Ibovespa segue para o maior ganho mensal em três anos, com alta de cerca de 11% em novembro até agora, apoiado principalmente no retorno do capital externo com apostas de que acabou o ciclo de alta de juros nos EUA.

De acordo com o sócio e estrategista da Meta Asset, Alexandre Póvoa, o rali do Ibovespa foi puxado principalmente pela divulgação de números de inflação mais benignos e dados de emprego abaixo do esperado nos EUA.

"Isso mudou a dinâmica de aversão a risco, que resultou na entrada de recursos estrangeiros para a bolsa brasileira", afirmou.

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Até o dia 21, o saldo de capital externo no mês no mercado secundário de ações estava positivo em 13 bilhões de reais, após três meses em que estrangeiros venderam mais do que compraram.

Póvoa disse que esse movimento ensejou o começo da volta do investidor pessoa física para o pregão e a entrada, depois de muito tempo, para fundos de renda variável. Ele ressaltou, porém, que o investidor institucional continua vendendo.

Na visão do estrategista, porém, para a alta ter consistência, o investidor local - pessoa física e institucional - precisa voltar mais fortemente para o mercado de ações.

"Isso tem a ver com a queda da taxa Selic, cuja magnitude está condicionada à crença na execução fiscal do governo Lula", avaliou.

DESTAQUES

- BRADESCO PN subia 3,12%, a 16,22 reais, após anunciar que seu conselho de administração aprovou a indicação de Marcelo de Araújo Noronha para a presidência-executiva do grupo, em substituição a Octavio de Lazari Jr. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN ganhava 0,10%, a 30,92 reais.

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- VALE ON caía 0,65%, a 74,36 reais, com os futuros do minério de ferro recuando nesta quinta-feira, pressionados pela intervenção das autoridades da China para conter a recente alta dos preços, embora as perspectivas de melhora na demanda tenham limitado as perdas. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia em queda de 0,86%.

- PETROBRAS PN recuava 0,85%, a 34,86 reais, acompanhando o declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent cedia 1,32%, ainda afetado pela decisão da Opep+ de adiar inesperadamente uma reunião sobre cortes de produção. Investidores também aguardam a divulgação do plano estratégico 2024-2028 da companhia previsto para a sexta-feira.

- CEMIG PN perdia 1,06%, a 11,23 reais, mesmo após o tombo de quase 10% na véspera, com agentes ainda avaliando a chance de a companhia ser federalizada. Na véspera, presidente do Senado discutiu com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, proposta que inclui a federalização de ativos estatais como forma de pagamento da dívida de cerca de 160 bilhões de reais de MG.

- SABESP ON subia 0,82%, a 66,54 reais, após o projeto de lei estadual que permite a privatização da companhia ser aprovado na quarta-feira em reunião conjunta de três comissões da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O texto agora irá ao plenário da Casa, onde tramita em regime de urgência.

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