Waller, do Fed, sinaliza possível corte de juros à frente

Por Howard Schneider e Ann Saphir

WASHINGTON (Reuters) - As autoridades de política monetária do Federal Reserve parecem cada vez mais confortáveis em encerrar este ano com a taxa básica de juros inalterada e avaliando o momento do primeiro corte do banco central dos Estados Unidos, conforme tentam viabilizar um "pouso suave" para a economia.

"As taxas de inflação estão se movendo praticamente como eu imaginava", disse o diretor do Fed Christopher Waller uma voz "hawkish" (agressiva contra a inflação) e influente no banco central, ao think tank American Enterprise Institute nesta terça-feira.

"Estou cada vez mais confiante de que a política monetária está atualmente bem posicionada para desacelerar a economia e levar a inflação de volta a 2%", disse.

Ele também afirmou estar "razoavelmente confiante" de que isso será feito sem um aumento acentuado na taxa de desemprego, atualmente em 3,9%.

Se a queda da inflação continuar "por mais alguns meses... três meses, quatro meses, cinco meses... poderíamos começar a reduzir a taxa de juros só porque a inflação está mais baixa", disse ele.

"Isso não tem nada a ver com a tentativa de salvar a economia. Isso é consistente com todas as regras de política monetária. Não há razão para dizer que vamos manter (a taxa básica) muito alta", afirmou

Aumentos adicionais dos juros do Fed continuam sendo uma possibilidade se os próximos dados incluírem uma volta inesperada das pressões sobre os preços, disse ele, acrescentando que um choque imprevisto poderia "explodir" o cenário de pouso suave.

"A inflação ainda está muito alta, e é muito cedo para dizer se a desaceleração que estamos vendo será sustentada", disse ele. "Ainda há uma incerteza significativa sobre o ritmo da atividade futura e, portanto, não posso dizer com certeza se o (Comitê Federal de Mercado Aberto) fez o suficiente para alcançar a estabilidade de preços."

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Em uma reunião da Associação de Banqueiros de Utah, a diretora do Fed Michelle Bowman levou essas dúvidas adiante, levantando uma série de questões sobre a durabilidade do progresso da inflação, que caiu, pela medida preferencial do banco central, de um pico de 7,1% no verão norte-americano passado para uma leitura recente de 3,4%.

"Minha perspectiva econômica básica continua a prever que precisaremos aumentar ainda mais a taxa básica para manter a política monetária suficientemente restritiva para reduzir a inflação para nossa meta de 2% em tempo hábil", disse Bowman.

Mas até mesmo Bowman, que, assim como Waller, está entre os mais "hawkish" do Fed, não chegou a defender nova alta dos juros, dizendo, assim como Waller, que isso dependerá dos dados econômicos.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, em breves comentários em um evento separado, repetiu sua opinião de que a inflação parece destinada a cair este ano em seu ritmo mais acentuado em mais de 70 anos.

Waller apontou para dados recentes e saudáveis que já foram na direção do Fed, com os preços ao consumidor ficando estáveis em outubro, o enfraquecimento dos gastos no varejo e uma lenta desaceleração no crescimento dos salários.

O mercado de trabalho continua "bastante apertado" e merece ser observado, disse ele, enquanto uma queda recente nos custos de empréstimos de longo prazo do mercado atenuou parte do aperto de crédito do qual o Fed depende para desacelerar a economia.

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No entanto, os juros de longo prazo "ainda estão mais altos do que estavam antes de meados do ano e as condições financeiras gerais estão mais apertadas, o que deve estar pressionando para baixo os gastos das famílias e das empresas", afirmou Waller.

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