Dólar se descola do exterior e cai ante real com atuação de exportadores

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista se descolou do exterior durante a tarde e fechou em baixa ante o real nesta terça-feira, com alguns agentes do mercado aproveitando as cotações mais elevadas para vender moeda, em um dia marcado por dados fracos do mercado de trabalho norte-americano e pela surpresa positiva com o PIB do Brasil.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9255 reais na venda, em baixa de 0,46% -- a cotação mínima da sessão. Em dezembro, o dólar acumula alta de 0,21%.

Na B3, às 17:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,30%, a 4,9385 reais.

Pela manhã, o dólar alternou altas e baixas ante o real em diferentes momentos, com investidores à espera de um fator que definisse mais claramente o rumo das cotações.

Às 9h40, a moeda à vista marcou a cotação máxima de 4,9665 reais (+0,36%), em sintonia com o exterior, onde o viés para a moeda norte-americana ante as demais divisas também era positivo.

Ao meio-dia, o dólar à vista despencou do positivo para o negativo no Brasil e renovou algumas mínimas, com investidores reagindo à divulgação dos dados do mercado de trabalho norte-americano.

O Departamento do Trabalho informou que as vagas de emprego, uma medida de demanda por trabalho, caíram 617.000, para 8,733 milhões, no último dia de outubro. Os números fazem parte do relatório mensal sobre vagas de emprego e rotatividade no trabalho, ou relatório JOLTS. Economistas consultados pela Reuters previam 9,30 milhões de vagas de emprego em outubro.

Por trás da pressão baixista para o dólar no início da tarde estava a percepção de que, com o mercado de trabalho enfraquecido, o Federal Reserve manterá sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50% este ano, podendo iniciar o processo de cortes ainda no primeiro semestre de 2024.

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Antes mesmo das 13h, o dólar já estava novamente em alta ante o real, acompanhando o exterior, onde a divisa dos EUA subia ante as moedas fortes e ante a maior parte das divisas de emergentes e exportadores de commodities.

No restante da tarde, porém, as cotações no Brasil se descolaram do exterior e o dólar se firmou no território negativo.

Três profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que, com as cotações próximas dos 4,95 reais ou dos 4,96 reais, exportadores entraram no mercado vendendo moeda, o que derrubou os preços.

“Houve ofertas de exportadores no segmento à vista, que foram chamados ao mercado com o câmbio orbitando em torno de 4,95 reais”, pontuou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

O dólar à vista terminou o dia na cotação mínima ante o real, ainda que no exterior o viés principal fosse de alta para a moeda norte-americana.

Às 17:27 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,34%, a 103,980.

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Pela manhã, investidores também estiveram atentos à divulgação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que houve expansão de 0,1% no período, na comparação com os três meses anteriores. Foi o terceiro trimestre consecutivo de alta após o recuo de 0,1% nos últimos três meses do ano passado.

O resultado surpreendeu boa parte das instituições financeiras, que projetavam retração da economia no terceiro trimestre. A pesquisa com projeções de economistas consultados pela Reuters trazia uma mediana negativa de 0,2% para o PIB.

Ainda que os números tenham sido observados pelos players de câmbio, eles influenciaram mais decisivamente o mercado de juros futuros nesta terça-feira.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.

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