Aliança contra fome deve ser tema com mais consenso no G20, diz sherpa brasileiro

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -Na primeira reunião de negociadores do G20 sob a presidência brasileira, a agenda de temas prioritários apresentada pelo país foi aceita por consenso, mas não há dúvida que divergências irão surgir ao longo das negociações em temas como mudanças climáticas e reforma da governança global, disse o embaixador Maurício Lyrio, negociador brasileiro no grupo das 20 maiores economias do mundo.

"Combate à pobreza certamente é a que as divisões e as discordâncias entre os países são menores. Mudança do clima nós sabemos que há uma discussão difícil entre países que já foram pesadamente emissores e agora são desenvolvidos. A reforma da governança global também envolve interesses, então é uma questão delicada", disse Lyrio, o chamado "sherpa" do Brasil no G20.

Um dos temas mais caros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a reforma da governança global inclui mudanças nas instâncias globais de decisões políticas e financeiras, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Lyrio afirmou que a ideia de que é necessário reformar essas instituições foi recebida como consenso pelo grupo, mas admitiu que até onde chegarão as mudanças propostas vai depender das negociações e dos interesses dos países.

O Brasil assumiu a presidência do G20 em 1º de dezembro, e nesta semana realiza em Brasília as primeiras reuniões da trilha de sherpas, os negociadores políticos, e da trilha financeira, que envolve ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais dos 20 países.

Nesta primeira reunião, o Brasil apresentou formalmente a agenda de trabalho proposta para este ano, inclusive os três pontos centrais da agenda: mudanças climáticas, reforma na governança global e a criação de uma aliança global contra a fome e a pobreza.

As negociações em si começam a partir de agora. Lyrio destacou que um dos pontos reforçados pelo Brasil foi a necessidade de ter uma agenda pragmática, que chegue a resultados concretos.

"A idéia é ter uma presidência brasileira focada em áreas que podemos ter resultados concretos, que cheguem na vida das pessoas", disse Lyrio.

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Na próxima quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá participar da abertura da reunião conjunta das trilhas de sherpas e financeira. As reuniões conjuntas costumam acontecer apenas no final do ano, próximo à cúpula com os chefes de Estado, mas uma das propostas brasileiras é aproximar os dois lados.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Pedro Fonseca e Maria Carolina Marcello)

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