BCE resiste a apostas de cortes de juros com promessa de permanecer rígido

Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi

FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) contrariou nesta quinta-feira as apostas de cortes iminentes nas taxas de juros ao reafirmar que os custos dos empréstimos permanecerão em níveis recordes, apesar das expectativas de inflação mais baixas.

O BCE deixou os custos dos empréstimos inalterados e nem sequer indicou uma possível redução, com a presidente do banco central, Christine Lagarde, destacando que a inflação se recuperará em breve e que as pressões sobre os preços permanecerão fortes.

Isso contrastou com o tom mais brando adotado pelo chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira.

"Devemos baixar a guarda? Nós nos perguntamos isso. Não, não devemos absolutamente baixar nossa guarda", disse Lagarde em entrevista à imprensa após a decisão.

"Não discutimos cortes de juros. Sem discussão, sem debate", disse Lagarde.

Embora tenha reconhecido que as pressões de preços subjacentes estão diminuindo, Lagarde disse que a inflação doméstica, pressionada por custos salariais nos 20 países que usam o euro, "não está cedendo".

"Precisamos entender melhor o que está acontecendo", disse Lagarde sobre essa dinâmica salarial, e até onde qualquer ganho salarial será absorvido pelas empresas.

Os riscos para a inflação futura na Europa variam de tensões geopolíticas que podem elevar os preços da energia em 2024 ao potencial de clima extremo que pode afetar as colheitas do ano que vem.

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O tom de cautela vai contra as apostas dos investidores em cortes de juros no primeiro semestre do próximo ano, no que seria uma inversão acentuada da sequência de dez aumentos consecutivos do BCE que terminou em setembro.

Numa mudança de política monetária menor, o BCE antecipou o fim do seu último esquema de compra de títulos restante,  legado da pandemia da Covid-19.

Após a decisão desta quinta-feira, a taxa de depósito do BCE permanece num pico histórico de 4%. Ela estava em -0,5% em julho de 2022.

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