Klabin compra terras e florestas da Arauco no Paraná por US$1,16 bi, unit sobe

SÃO PAULO (Reuters) - A Klabin anunciou nesta quinta-feira a compra de 150 mil hectares de terras e florestas no Paraná do grupo chileno Arauco por 1,16 bilhão de dólares, acelerando projeto para reduzir sua dependência de madeira de terceiros como forma de cortar custos.

Chamado de Projeto Caetê, o negócio pretende reduzir o investimento futuro da companhia enquanto gera sinergias no custo de produção, principalmente com logística e colheita, afirmou a Klabin em apresentação a investidores.

O negócio ocorre em um momento em que produtores de papel e celulose têm corrido para garantir áreas de fornecimento futuro de madeira o que tem contribuído para elevar preços dos ativos. Também acontece enquanto fabricantes internacionais têm sofrido com efeitos climáticos e geopolíticos que têm limitado a oferta de madeira para suas fábricas.

As units da Klabin exibiam alta de 1,3%, a 21,54 reais, às 13h26, enquanto o Ibovespa avançava 0,98%. A rival Suzano, que no ano passado comprou um grande conjunto de ativos florestais em um negócio de quase 700 milhões de dólares, tinha ganho de 0,7%, a 54,28 reais.

Segundo analistas da XP, "esta aquisição (promovida pela Klabin) gera valor com base em três pilares principais": aceleração de fornecimento de madeira própria, monetização do excesso de terras após a colheita da madeira e redução de custo caixa pela otimização da logística para as fábricas.

Os analistas da XP citaram que o valor gerado pelo negócio implica em um "valor presente líquido (VPL) de cerca de 1,5 bilhão de reais, ou aproximadamente 6% do valor de mercado atual".

As sinergias de custo caixa estimadas pela Klabin são de 350 milhões a 400 milhões de reais por ano entre 2025 e 2028. Enquanto isso, a economia estimada pela Klabin com redução de investimento futuro é de cerca de 4 bilhões de reais, com o valor das terras excedentes sendo de 2 bilhões a 3 bilhões de reais.

A Klabin afirmou que vai usar recursos em caixa para o pagamento para a Arauco, do grupo Copec, e afirmou que "permanecerá com sólida posição de caixa e perfil de endividamento alongado". A empresa afirma que tem 5,8 bilhões de reais em caixa.

Do total comprado pela Klabin, no primeiro ciclo de colheita a empresa terá 69% correspondendo a madeira pinus e os 31% restantes a Eucalipto. Cerca de 60% da área plantada atual tem árvores com idade média de 5,1 anos e o restante com 2,5 anos.

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Entre as áreas de terras compradas estão blocos próximos ao complexo de celulose e papel da Klabin no Paraná, mas outros estão distantes até 280 quilômetros de fábricas da companhia, o que constitui um raio médio, segundo a empresa, de 203 quilômetros. Muitas áreas são adjacentes a regiões onde a Klabin já possui florestas.

O acordo com a Klabin ocorreu em um momento em que a Copec tem enfrentado dificuldades com a queda de seus resultados, já que seus negócios florestais sofreram com enchentes, secas e incêndios exarcerbados devido ao fenômeno climático El Niño e pelos efeitos das mudanças climáticas.

A Copec informou que a venda não inclui ativos industriais vinculados às fábricas de painéis de madeira que a Arauco detém no Brasil, nem outros ativos florestais no Mato Grosso do Sul.

(Reportagem adicional de Natalia Siniawski e Sarah Morland)

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