EIG acerta compra Ocyan da Novonor por US$390 mi, em negócio com atuação do BNDES

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O investidor norte-americano EIG anunciou nesta quinta-feira acordo para comprar a prestadora de serviços do setor de petróleo e operadora de plataformas brasileira Ocyan por 390 milhões de dólares.

A operação conta com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vai financiar parte da aquisição da Ocyan (ex-Odebrecht Óleo e Gás) por meio de um "project finance", no qual o fluxo de caixa do ativo será usado para amortizar o passivo.

Em comunicado, a EIG informou que, dos 390 milhões de dólares para a aquisição da Ocyan, 283 milhões de dólares serão destinados para pagar participação de 100% do capital da Novonor (ex-Odebrecht), e o valor restante para liquidação do saldo devedor de títulos sem direito a voto relacionados à companhia.

"Esse é um ativo que a gente acompanha há uns cinco ou seis anos. E há cerca de um ano e meio enxergamos muito valor na companhia. Passou os últimos anos bem, crescendo, participando de leilões e bem gerida", disse o diretor-geral da EIG para Brasil, Flavio Valle, à Reuters.

A Ocyan opera atualmente quatro unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo (FPSO, na sigla em inglês), por meio de uma joint venture 50/50 com a Altera Infrastructure, sendo proprietária de duas FPSOs.

A companhia mantém contratos de operação longo prazo com a Libra Consortium, Karoon Energy e 3R Petroleum.

"Entre 70% a 80% do valor que a gente está comprando são os FPSOs. Para todos os efeitos, estamos comprando o que a gente adora, que são os FPSOs", adicionou ele.

A Ocyan tem um histórico de 23 anos no fornecimento de soluções de manutenção para o setor offshore de óleo e gás, incluindo a operação de projetos de descomissionamento e construção submarinos.

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"A gente espera conseguir o retorno do investimento... em cinco anos, no máximo", disse o executivo, observando que isso vai depender "fluxo de caixa das duas plataformas".

"Mas se fizermos um pouco mais, é isso que queremos fazer, vamos duplicar, triplicar o capital investido."

Os contratos com os consórcios terminam no fim da década, e as negociações para a renovação do compromisso devem começar no curto prazo.

"É muito, muito pouco provável que essas renovações não aconteçam", declarou Valle, ao destacar o alto investimento necessário para a construção de um novo FPSO e a elevada fila de espera para se contratar uma unidade como essa.

O diretor-geral da EIG disse ainda que o objetivo com a nova aquisição é dobrar de tamanho em cinco anos no setor no Brasil.

O grupo está de olho nas futuras encomendas da Petrobras e petroleiras que atuam no Brasil, e que estimam contratar mais de 20 FPSOs nos próximos anos.

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"Queremos passar de duas para quatro FPSOs... a gente quer jogar no "midle size", com plataformas com capacidade de 80 a 100 mil barris/dia" destacou ele.

A partir da compra da Ocyan, a EIG espera se habilitar para entrar nesse mercado global de unidades flutuantes de óleo e gás.

"Temos um sócio que nos damos bem e talvez esse negócio nos leve a partir para uma participação mundial. Pode ser um passo", frisou.

O EIG já investiu mais de 2 bilhões de dólares no Brasil desde 1998. No mundo, o investidor de setores de energia e infraestrutura tem 23 bilhões de dólares sob sua gestão.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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