Ibovespa recua com queda de papéis ligados a commodities e bancos

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, pressionado por recuo de papéis ligados a commodities e bancos, em dia de agenda econômica esvaziada e com investidores ainda em compasso de espera pelos dados de inflação nos Estados Unidos nesta semana.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,74%, a 131.446,59 pontos, tendo oscilado entre a mínima de 131.203,45 pontos e a máxima de 132.425,91 pontos durante a sessão. O volume financeiro somou 18,6 bilhões de reais.

Para Luís Moran, head da EQI Research, os relatórios de inflação nos EUA, previstos para quinta-feira, continuam sendo o ponto central de atenção do mercado ao longo desta semana.

O S&P 500 e o Dow Jones fecharam em queda, pressionados por uma alta modesta nos rendimentos dos Treasuries, conforme investidores avaliam o momento e o tamanho de quaisquer cortes na taxa de juros do Federal Reserve em 2024.

"A gente tem olhado mais para exterior", acrescentou a sócia e especialista da Blue3 Investimentos, Bruna Centeno, afirmando que o sentimento nas bolsas norte-americanas precificou tom mais negativo do Ibovespa.

Sem grandes "drivers" no dia, o recuo de papéis ligados a setores-chave, como commodities e bancos, contribuiram para o desempenho fraco do índice.

Os preços do minério de ferro na China encerraram as negociações diurnas em baixa, corroborando queda da Vale, enquanto a alta do petróleo no exterior não foi suficiente para ancorar as ações da Petrobras.

No cenário local, a questão fiscal permaneceu no radar, com investidores monitorando os desdobramentos relacionados à medida provisória que reonera de forma gradual a folha de pagamento de setores da economia.

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta terça-feira que a prorrogação da desoneração da folha foi uma decisão do Congresso e dificilmente uma revogação do benefício avançará no Legislativo.

DESTAQUES - VALE ON caiu 1,27%, a 73,33 reais, na esteira da quarta sessão consecutiva de queda do minério de ferro. O contrato de maio mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações diurnas com queda de 0,25%, a 994 iuanes (138,82 dólares) por tonelada, após recuo de 1,1% na segunda-feira. - PETROBRAS PN recuou 0,86%, a 38,10 reais e PETROBRAS ON caiu 0,55%, a 39,42 reais, com a valorização dos preços do petróleo no mercado internacional não sendo suficiente para sustentar o papel da petrolífera. No setor, 3R PETROLEUM ON avançou 4,20%, a 28,52 reais e PRIO ON subiu 1,16%, a 46,28 reais. O petróleo Brent fechou em alta de 1,9%, a 77,59 dólares por barril.

- BRADESCO PN caiu 2,69%, a 16,30 reais, após Goldman Sachs rebaixar recomendação do papel para "venda", citando potencial persistência de questões estruturais limitando a capacidade do banco de retomar rentabilidade. Ainda no setor, BANCO DO BRASIL ON perdeu 1,50%, a 54,52 reais e ITAÚ UNIBANCO PN fechou em variação negativa de 0,06%, a 33,32 reais.

- LOCAWEB ON avançou 5,52%, a 6,12 reais, liderando as altas percentuais do Ibovespa, em meio a relatório em que analistas do BTG Pactual citam que a empresa pode apresentar um resultado de quarto trimestre que represente um "ponto de inflexão" para a companhia.

- ELETROBRAS ON fechou em alta de 1,51%, a 41,68 reais, principal contribuição positiva para o índice. A companhia informou ao mercado na segunda-feira seu engajamento no processo arbitral que discute a ação direta de inconstitucionalidade (ADI).

- AERIS ON, que não faz parte do Ibovespa, saltou 5,88%, a 0,90 real. De pano de fundo, a empresa anunciou na segunda-feira expansão do contrato de fornecimento de pás eólicas com a Vestas para até o final de 2028, podendo gerar receitas adicionais de até 7,6 bilhões de reais ao longo do contrato. O papel, de baixa liquidez, chegou a 1,02 real na máxima da sessão.

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