Com apoio da França, Embrapa pretende capacitar indígenas para reflorestar áreas degradadas

Por Isadora Machado

BRASÍLIA (Reuters) - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) abriu nesta quarta-feira um programa de aprendizado online chamado "Semeando Florestas em Terras Indígenas" para ajudar as comunidades amazônicas a reflorestar terras degradadas na floresta tropical e fora dela.

A iniciativa, que conta com o apoio do governo francês, foi lançada pelo cacique kayapó Raoni Metuktire, um incansável ambientalista da Amazônia, e pelo cacique Almir, do povo suruí.

O curso da Embrapa se concentrará em capacitar formas de coletar, germinar e armazenar sementes de árvores. Módulos posteriores mostrarão como construir estufas para cultivar mudas de espécies de árvores locais e, por fim, como plantá-las.

O objetivo é incentivar dezenas de aldeias na Amazônia e em outros lugares a plantar um milhão de árvores por ano, disse a Embrapa.

O programa tem a intenção de recuperar terras florestais degradadas, destruídas por incêndios florestais, madeireiros e garimpeiros ilegais, além de invasores de terra que derrubaram árvores para abrir caminho para pasto de gado.

"Eu estou pensando que reflorestar a floresta, semear a floresta, é para ter que equilíbrio do clima para nós. É isso que eu penso: (para) ter menos calor, precisamos de árvores para ter uma terra mais com temperatura amena", disse Raoni à Reuters.

O cacique Almir disse que o programa começará com 10 territórios indígenas, incluindo o Parque Nacional do Xingu, a primeira reserva do Brasil cercada pela agricultura comercial, e a maior delas, a Terra Yanomami na fronteira com a Venezuela, que tem as terras mais degradadas devido à mineração.

Para Almir, o reflorestamento irá reduzir a degradação das terras indígenas e, em última análise, contribuir para que o Brasil atinja suas metas de desaceleração das mudanças climáticas.

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"Vai recuperar as terras indígenas da degradação e depois vai ajudar bastante atingir a meta do próprio governo brasileiro no combate às mudanças climáticas", disse, em entrevista.

(Reportagem de Isadora Machado e Anthony Boadle)

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