Ibovespa fecha em queda com ajustes de expectativas sobre juros nos EUA

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, com agentes financeiros ajustando apostas sobre os próximos passos do Federal Reserve, na esteira de dados de inflação divulgados nos Estados Unidos na véspera, quando não houve negociação na B3 em razão do feriado do Carnaval.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,79%, a 127.018,29 pontos, após dois dias sem pregão. O volume financeiro alcançou 40,89 bilhões de reais, em sessão mais curta, aberta às 13h, mas marcada por vencimentos de opções do Ibovespa e do índice futuro.

Dados sobre os preços ao consumidor nos EUA mostraram na terça-feira uma alta acima das previsões de analistas, afastando ainda mais as chances de cortes iminentes nos juros. Após os números, a possibilidade precificada no mercado para uma redução em maio diminuiu, com o maior percentual apontando para junho.

"A cada dado fora do prumo nós vamos tomar essa canseira", afirmou o chefe da EQI Research, Luís Moran.

Na véspera, o Dow Jones Brazil 20 ADR, que mede o desempenho das 20 ações brasileiras mais negociadas nos EUA como ADRs, caiu 2,6%. Nesta sessão, porém, avançou 0,77%, enquanto o S&P 500 subiu 0,96% e o rendimento do Treasury de 10 anos caiu a 4,2671%.

Moran chamou a atenção para o saldo de capital externo ainda negativo na bolsa paulista como um fator de pressão adicional aos negócios. "(O estrangeiro) "faz o preço do ativo. Se ele vende, ele traz o preço para baixo e isso acaba complicando também", acrescentou.

De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pela B3, a bolsa apurava uma saída líquida de 2,95 bilhões de reais em fevereiro até o dia 7, ampliando o saldo negativo no ano para 10,85 bilhões de reais. Esse números não contemplam os fluxos em ofertas de ações.

Mas o retorno do Carnaval teve boas notícias, afirmou o chefe da EQI Research, citando a decisão da provedora de índices MSCI de excluir uma série de ações chinesas em rebalanceamento periódico que entra em vigor no final do mês e tornar as ações de empresas brasileiras listadas no exterior elegíveis ao índice MSCI Brasil na próxima revisão, em agosto.

"Isso tem um impacto importante porque temos alguns casos bastante relevantes" que podem se beneficiar dessa mudança, afirmou Moran.

Continua após a publicidade

Na visão de estrategistas do Itaú BBA, Nubank e XP Inc, que têm seus papéis listados nos EUA, não terão problemas em aderir ao índice. Nesta quarta-feira, Nubank fechou com uma valorização de 4,54% e XP Inc avançou 3,29%.

DESTAQUES

- VALE ON fechou com variação negativa de 0,30%, a 65,72 reais, ainda sem o referencial do mercado na China, fechado por feriado naquele país. Na véspera, os ADRs da Vale recuaram mais de 2%.

- PETROBRAS PN recuou 0,75%, a 40,99 reais, acompanhando a queda dos preços do petróleo no exterior.

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou estável, a 34,29 reais, enquanto BRADESCO PN perdeu 0,67%, a 13,37 reais, em dia mais fraco para bancos do Ibovespa. A exceção foi BANCO DO BRASIL ON, que subiu 1,35%, a 58,35 reais

- REDE D'OR ON cedeu 5,22%, a 26,35 reais, tocando uma mínima de fechamento desde meados de dezembro e mais do que devolvendo o avanço de mais de 4% acumulado na semana passada. No setor de saúde, HAPVIDA ON perdeu 2,56%, a 3,42 reais.

Continua após a publicidade

- ALPARGATAS PN terminou o dia em alta de 3,02%, a 8,88 reais, no segundo pregão seguido de recuperação, após tocar na última quinta-feira uma mínima intradia desde outubro, a 7,67 reais, na esteira da divulgação do balanço na semana passada.

Deixe seu comentário

Só para assinantes