Dólar tem baixa com dados de inflação e alta do minério de ferro no radar

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha baixa frente ao real nesta terça-feira, em linha com a fraqueza da divisa norte-americana no exterior antes de dados de inflação dos Estados Unidos e em meio à alta das commodities, enquanto o mercado digeria uma leitura um pouco mais baixa do que o esperado do IPCA-15, mas ainda assim pressionada.

Às 9:55 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,29%, a 4,9678 reais na venda.

Na B3, às 9:55 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,35%, a 4,9675 reais.

Esse movimento estava em linha com a queda de 0,11% do índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes no exterior, uma vez que operadores trabalhavam em modo de espera antes de publicação, na quinta-feira, do índice de preços PCE, o favorito do Federal Reserve para medir a inflação.

Essa leitura virá depois que, recentemente, dados mostraram sinais de resiliência da atividade e da inflação na maior economia do mundo, levando os mercados a adiarem apostas sobre o início do afrouxamento monetário nos EUA.

Ao mesmo tempo, ajudando o real, os contratos futuros do minério de ferro saltaram nesta terça-feira, apoiados por esperanças de recuperação da demanda na China, principal mercado consumidor do minério, e por um possível imposto de exportação sobre o minério de ferro indiano de baixa qualidade.

A moeda brasileira é muito sensível aos preços dessa commodity, uma vez que o minério de ferro é um dos principais componentes da pauta de exportação nacional.

Na agenda local, o destaque era a notícia de que a alta do IPCA-15 acelerou com força em fevereiro devido ao peso sazonal dos custos de educação, embora o resultado tenha ficado abaixo do esperado com a alta dos preços de alimentos perdendo força.

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"O mercado acaba reagindo com uma baixa do dólar porque entende que uma leitura inflacionária mais alta no mês de fevereiro, tal como esta é... pode servir para que o Banco Central observe com cautela o cenário inflacionário brasileiro e talvez busque reajustar a estratégia para os cortes na taxa básica de juros Selic", disse Leonel Mattos, analista de inteligência de mercados da StoneX.

"Essa expectativa, de que o Banco Central possivelmente adotaria um ritmo de cortes mais lentos, é benéfica para o diferencial de juros do Brasil, significa que nós teríamos um rendimento melhor em relação aos países do exterior e contribuiria para a atração de investimentos financeiros, investimentos na renda fixa brasileira", completou ele.

O BC cortou os juros em 0,50 ponto percentual cinco vezes desde agosto do ano passado, levando a Selic ao nível atual de 11,25% e sinalizando reduções da mesma magnitude para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9935 reais na venda, em alta de 0,83%.

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