Alta do IPCA-15 acelera a 0,78% em fevereiro com impacto sazonal de educação

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A alta do IPCA-15 acelerou com força em fevereiro devido ao peso sazonal dos custos de educação, embora o resultado tenha ficado abaixo do esperado, com a alta dos preços de alimentos perdendo força.

Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,78%, contra alta de 0,31% em janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

Com isso a taxa nos 12 meses até fevereiro passou a uma alta de 4,49%, pouco acima dos 4,47% do primeiro mês do ano. A meta para a inflação em 2024 é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

Os resultados do indicador considerado prévia da inflação oficial ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de 0,82% no dado mensal e de 4,52% em 12 meses.

A inflação ao consumidor brasileiro iniciou 2024 sob pressão dos preços de alimentação e bebidas, que têm forte peso no orçamento das famílias, com atenção também às altas dos custos de serviços, embora ainda não o suficiente para mudar a perspectiva para a trajetória de cortes de juros pelo Banco Central. Em fevereiro ainda pesaram os reajustes escolares, como é normal em todo começo de ano.

O grupo Educação registrou a maior variação em fevereiro, com alta de 5,07%, de 0,39% no mês anterior, exercendo o maior impacto no resultado do mês.

A maior contribuição foi exercida pelos cursos regulares, com aumento nos custos de 6,13%, devido aos reajustes praticados no início do ano letivo. As maiores variações foram registradas por ensino médio (8,58%), ensino fundamental (8,23%), pré-escola (8,14%) e creche (5,91%).

O grupo Alimentação e bebidas exerceu o segundo maior impacto no resultado do IPCA-15 de fevereiro com alta de 0,97%, mas registrou desaceleração frente ao avanço de 1,53% de janeiro.

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A alimentação no domicílio subiu 1,16% em fevereiro, com altas da cenoura (36,21%), da batata-inglesa (22,58%), do feijão-carioca (7,21%), do arroz (5,85%) e das frutas (2,24%).

Os custos da alimentação fora do domicílio aceleraram a 0,48%, de 0,24% em janeiro.

Os preços de Saúde e cuidados pessoais, por sua vez, subiram 0,76% em fevereiro, com destaque para plano de saúde (+0,77%), produtos farmacêuticos (+0,61%) e itens de higiene pessoal (0,70%).

Em seu atual ciclo de afrouxamento monetário, o Banco Central cortou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual em cada uma das suas cinco últimas reuniões, levando-a ao patamar atual de 11,25% e indicando nova redução da mesma magnitude em março.

O BC, no entanto, também sinalizou cautela na condução da política monetária, e analistas destacam o ambiente de mercado de trabalho aquecido que favorece o consumo.

Nas contas de Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos, os preços de serviços subiram 1,13% em fevereiro, após queda de 0,11% em janeiro. No entanto, os serviços subjacentes, que desconsideram os preços mais voláteis, desaceleraram a alta de 0,68% a 0,65%.

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"A aceleração da inflação de hoje não preocupa pelo número em si, já que a principal alta, de Educação, se explica por fatores sazonais. No entanto, a pressão em serviços, mesmo com a desaceleração marginal dos serviços subjacentes, deve seguir justificando a postura mais cautelosa do Copom, que com a atual dinâmica da inflação não deve acelerar o ritmo de cortes da taxa Selic", disse ela.

A pesquisa Focus divulgada nesta terça-feira pelo Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA encerre este ano com alta acumulada de 3,80%, com a Selic a 9,00%.

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