Georgieva, do FMI, diz que ficaria honrada em ter 2° mandato se fosse indicada

Por Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - A chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que se sentiria honrada em cumprir um segundo mandato de cinco anos à frente da instituição financeira global, e que havia recebido a garantia de que havia um forte apoio à sua candidatura entre os membros europeus do FMI e de outros países.

Georgieva, economista búlgara cujo mandato atual termina em 30 de setembro, ganhou na semana passada o apoio do ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, que disse que ela havia feito um "excelente trabalho" à frente da instituição e que a França a apoiaria em um segundo mandato.

Georgieva, de 70 anos, disse à Reuters em uma entrevista que conversou longamente com o presidente do banco central búlgaro na quinta-feira, que lhe perguntou se ela serviria caso fosse nomeada. Ela disse que ele citou o forte apoio a ela entre os membros europeus, outras economias avançadas, mercados emergentes e países de baixa renda.

"Minha resposta é sim, se houver um amplo apoio entre os membros, terei a honra de continuar atuando", disse Georgieva. "O Fundo é um navio estável que passa por águas agitadas, e eu ficaria muito grata aos membros se eles me elegessem pela segunda vez para ser a capitã desse navio."

Georgieva, que foi presidente-executiva do Banco Mundial antes de dirigir o FMI e já havia atuado no braço executivo da União Europeia, disse que recebeu sinais positivos de todos, com muitos elogiando a ação rápida do fundo quando necessário e seu trabalho para manter os membros unidos nas circunstâncias mais difíceis.

O apoio de Le Maire foi fundamental, uma vez que os países europeus tradicionalmente nomeiam um candidato para dirigir o FMI, embora todos os membros da União Europeia devam concordar. Espera-se que essa decisão seja tomada em uma reunião do Eurogrupo na terça-feira.

A decisão final é tomada pelo conselho de administração da instituição.

'ETERNA OTIMISTA'

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Georgieva, a 12ª diretora-gerente do FMI desde sua fundação em 1944, é a segunda mulher a chefiar o FMI e a primeira pessoa de uma economia de mercado emergente.

Manter Georgieva em um segundo mandato ajudaria a responder às preocupações de longa data levantadas pelos mercados emergentes e pelos países em desenvolvimento sobre o duopólio EUA-Europa nas duas instituições financeiras globais, o FMI e o Banco Mundial.

Não é incomum que alguém cumpra um segundo mandato. A antecessora de Georgieva, Christine Lagarde, foi nomeada para um segundo mandato, mas deixou o cargo mais cedo para se tornar presidente do Banco Central Europeu.

Autodenominada "eterna otimista", Georgieva enfrentou grandes choques na economia global, desde o surto da pandemia da Covid-19, poucos meses depois de assumir o cargo, até a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Ela disse que suas maiores prioridades para um segundo mandato seriam reforçar as perspectivas de crescimento de médio prazo, que está aquém dos níveis históricos, gerenciar os desafios contínuos da dívida soberana e orientar o FMI por meio de uma complicada renovação de cotas que impulsione o processo de representação.

"Da forma como vejo os próximos anos, temos que estar em uma posição de maior agilidade nas políticas e na capacidade dos países de resistir a esses choques mais frequentes, mantendo-os unidos, mantendo-os cooperando e, ainda assim, reconhecendo (...) que a geopolítica desempenha um papel importante na economia", disse ela.

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Georgieva foi alvo de críticas dentro e fora do FMI desde o início por sua iniciativa de incluir a mudança climática como um fator nos relatórios de supervisão das economias dos países membros e por seu grande interesse em mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

Ela tem sido fundamental para garantir grandes empréstimos para a Ucrânia, ajudando a catalisar fundos adicionais para ajudar a economia do país a suportar as tensões da guerra de dois anos contra a invasão da Rússia, supervisionou uma reformulação do programa de empréstimos maciços da Argentina e trabalhou de forma constante para ajudar a China a adotar reestruturações de dívidas soberanas.

Ela também sobreviveu a um grande desafio pessoal em 2021, quando o conselho executivo do FMI expressou sua total confiança nela após analisar as alegações de que, enquanto trabalhava no Banco Mundial, ela pressionou a equipe a alterar dados para favorecer a China.

Fontes familiarizadas com o processo disseram que a seleção seria resolvida rapidamente assim que a Europa se unisse em torno de um candidato.

Embora o mandato de Georgieva só termine daqui a alguns meses, alguns dizem que faz sentido tomar decisões antes das reuniões de primavera de abril do FMI e do Banco Mundial, para que a questão da liderança não ofusque a agenda já cheia das reuniões.

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