Autoridades do BCE oferecem cronogramas diferentes para cortes nos juros

FRANKFURT (Reuters) - As autoridades do Banco Central Europeu continuaram a se alinhar em favor de um corte na taxa de juros em junho, mas ofereceram nesta quinta-feira visões contrastantes sobre o momento e o ritmo de outros movimentos, sugerindo que ainda não há consenso no Conselho do BCE.

Na semana passada, a presidente do BCE, Christine Lagarde, colocou em pauta um primeiro movimento, provavelmente em junho, e os novos comentários sugerem que as autoridades já começaram a olhar para o futuro.

Klaas Knot, o influente chefe do banco central holandês, disse que atualmente prevê três cortes em 2024, um pouco menos do que os mercados financeiros estão prevendo.

"Pessoalmente, marquei junho para o primeiro corte na taxa de juros", disse Knot em uma coletiva de imprensa. "Para onde iremos a partir daí? Dependemos de dados, portanto, eu me concentraria nas reuniões em que temos mais dados disponíveis, que são aquelas em que temos novas projeções, ou seja, setembro e dezembro."

Ele disse que o BCE ainda pode fazer mais cortes, mas que sua "principal inclinação" seria concentrar-se nas reuniões com novas projeções.

Enquanto isso, o chefe do banco central grego, Yannis Stournaras, disse à Bloomberg que defende um segundo movimento já em julho, com mais dois até o final do ano.

Atualmente, os mercados estão precificando 93 pontos-base de cortes este ano, ou seja, quase quatro movimentos completos, o que sugere que eles estão se aproximando um pouco mais do cronograma sugerido por Stournaras.

Fontes disseram à Reuters, na semana passada, que algumas autoridades sugeriram a ideia de movimentos sucessivos em junho e julho, em parte como um compromisso com um pequeno número de membros que ainda buscam um corte em abril.

O economista-chefe do BCE, Philip Lane, uma das vozes mais influentes no Conselho do BCE, também pareceu apoiar um movimento em junho, mas alertou contra fazer previsões sobre o que acontecerá mais tarde.

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"Acho que o segundo trimestre é um momento em que estaremos suficientemente avançados em 2024 para ver mais da dinâmica salarial e das pressões sobre os preços", disse ele à CNBC.

Sobre o momento de um primeiro corte, Lane repetiu o comentário da presidente do BCE, Christine Lagarde, de que o banco "saberá um pouco mais até abril...(e) muito mais até junho", e acrescentou que ele não "analisará demais" os méritos de um movimento em uma reunião ou outra.

Mas Lane advertiu contra se aventurar mais no futuro.

"Temos que tomar decisão por decisão e, para mim, acho que não devo olhar além da próxima reunião ou das duas próximas", disse ele.

(Reportagem de Balazs Koranyi, Francesco Canepa e Bart Meier)

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