Taxas futuras de juros têm alta firme no Brasil com dados positivos da indústria dos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sessão com fortes altas no Brasil, de 10 pontos-base em alguns vencimentos, acompanhando a abertura firme da curva de juros norte-americana, após comentários cautelosos do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira e dados positivos sobre a indústria dos EUA nesta segunda-feira.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,93%, ante 9,914% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,935%, ante 9,896% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,22%, ante 10,151%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,535%, ante 10,448%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,01%, ante 10,906%.

Na sexta-feira, com os mercados no Brasil e nos EUA fechados, dados mostraram que o núcleo do índice de inflação norte-americano PCE subiu 0,3% em fevereiro, em linha com a expectativa do mercado. O índice cheio também aumentou 0,3%.

O resultado ficou dentro do esperado, mas comentários cautelosos de Powell na própria sexta-feira reforçaram leitura de que o Fed pode adiar ainda mais o início do ciclo de cortes de juros. Powell disse que a instituição espera que a inflação ceda, mas que se isso não ocorrer as taxas de juros serão mantidas onde estão por mais tempo. Segundo Powell, o Fed deixará que os dados econômicos deem a resposta sobre os juros.

Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries começaram o dia em alta, o que também impulsionou as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil. O movimento foi amplificado pela divulgação de dados positivos sobre a indústria dos EUA.

O Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial aumentou para 50,3 no mês passado, a primeira leitura acima de 50 desde setembro de 2022, em comparação com 47,8 em fevereiro. Uma leitura do PMI acima de 50 indica crescimento no setor industrial. A recuperação encerrou 16 meses consecutivos de contração no setor industrial, que responde por 10,4% da economia dos EUA.

“O que justifica mais a abertura (da curva de juros no Brasil) são os números de hoje do ISM, acima do esperado. O dado mostrou uma aceleração da indústria norte-americana”, pontuou Maurício Ferraz, gestor de renda fixa da Kínitro, lembrando que, mais cedo, a China também havia divulgado dados positivos do setor industrial.

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“Os números colocam um cenário de possível reaceleração da indústria global. Quando se coloca isso em contexto, parece um pouco que os juros nos EUA talvez não estejam tão restritivos quanto se imaginava e, assim, o mercado volta a questionar se o Fed cortará juros três vezes este ano como vem sendo projetado”, acrescentou Ferraz.

No Brasil, essa avaliação reforçou apostas de que, após cortar a taxa básica Selic em 50 pontos-base em seu próximo encontro de política monetária, em maio, o Banco Central tende a não repetir a dose em junho. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Às 16h50, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 14 pontos-base, a 4,329%. Já o retorno do papel de 30 anos avançava 13 pontos-base, a 4,47

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