Ibovespa fecha em baixa, mas distante da mínima com alívio nos Treasuries

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um declínio modesto nesta quarta-feira, pressionado pelo recuo das ações da Vale, enquanto a acomodação nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos reduziu as perdas no pregão brasileiro, em mais uma sessão com a agenda norte-americana centralizando as atenções.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,18%, a 127.318,39 pontos. Na máxima do dia, chegou a 127.693,56 pontos. Na mínima, a 126.181,37 pontos. O volume financeiro somou 21,97 bilhões de reais.

Em comentários publicados no começo da tarde, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou que o banco central da maior economia do mundo tem tempo para deliberar sobre seu primeiro corte na taxa de juros dada a força da economia e as recentes leituras de inflação elevada.

Ele, porém, repetiu que se a economia evoluir de forma geral como os integrantes do Fed esperam, eles concordam que uma taxa mais baixa será apropriada "em algum momento deste ano".

Em paralelo, dados mostraram que o setor de serviços dos EUA desacelerou em março, e uma medida dos preços pagos pelas empresas por insumos caiu a uma mínima em quatro anos. A abertura de vagas no setor privado vista pela ADP, por sua vez, mostrou um mercado de trabalho ainda forte no mês passado.

No final da tarde, o rendimento do Treasury de 10 anos cedia a 4,3492%, após avançar a 4,429% na máxima da sessão, de 4,365% na véspera. O S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,14%, segundo dados preliminares.

De acordo com o chefe da EQI Research, Luís Moran, o mercado brasileiro continua como um "passageiro", uma vez que sua direção tem sido comandada pelo comportamento dos Treasuries. "É o que está fazendo preço", argumentou, ressaltando que há uma ansiedade sobre o começo do corte de juros nos EUA.

Ele afirmou que a mudança na precificação de um corte em março para meados do ano justifica um ajuste, mas não é uma reversão de cenário, uma vez que ainda se espera uma redução dos juros neste ano. "Mas o mercado está ansioso."

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DESTAQUES

- VALE ON caiu 1,44%, a 61,05 reais, seguindo a queda dos futuros de minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em queda de 2,5%. O ministro de mineração da Indonésia também disse que o desinvestimento das ações da Vale Canada e da Sumitomo Metal Mining na unidade de mineração de níquel Vale Indonesia deve ser concluído em julho.

- GRUPO SOMA ON recuou 6,85%, a 6,93 reais, e AREZZO ON perdeu 6,18%, a 58,75 reais, conforme agentes financeiros continuam ajustando modelos de olho na fusão anunciada entre as companhias, bem como se preparando para os resultados do primeiro trimestre.

- MRV&CO ON fechou em baixa de 3,53%, a 7,37 reais, pressionada pelo movimento ascendente na curva de DI, que contaminou o setor como um todo, embora as taxas futuras tenham se afastado das máximas. O índice do setor imobiliário, que também é composto por ações de empresas de shopping centers, caiu 0,9%.

- PETROBRAS PN recuou 0,52%, a 38,42 reais, mesmo com alta dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent terminou com elevação de 0,48%, a 89,35 dólares o barril. No setor, PETRORECONCAVO ON avançou 4,6%, recuperando-se do tombo da véspera, 3R PETROLEUM ON subiu 3,78% e PRIO ON terminou em alta de 0,69%.

- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,75%, a 33,23 reais, enquanto BRADESCO PN valorizou-se 1,97%, a 14,47 reais, fornecendo um contrapeso relevante ao Ibovespa.

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