Boeing é atingida por acusações de delatores que elevam preocupações sobre segurança

Por David Shepardson e Allison Lampert

WASHINGTON (Reuters) - A agência de aviação dos Estados Unidos (FAA) está investigando as alegações de um denunciante da Boeing de que a empresa não levou em conta questões de segurança e qualidade na produção dos jatos 787 e 777, informou um porta-voz da agência na terça-feira.

A fabricante de aviões vem enfrentando uma crise de segurança que minou sua reputação após o desprendimento de um pedaço de fuselagem de um jato Boeing operado pela Alaska Airlines em pleno voo em janeiro. A empresa passou por uma mudança na administração, os órgãos reguladores dos EUA restringiram sua produção e as entregas caíram pela metade em março.

As acusações do engenheiro da Boeing Sam Salehpour referem-se ao trabalho nos jatos 787 e 777 da empresa. O denunciante disse que sofreu retaliação, como ameaças e exclusão de reuniões, depois que identificou problemas de engenharia que afetavam a integridade estrutural dos jatos e alegou que a Boeing preferiu optar por atalhos para reduzir gargalos durante a montagem do 787, disseram seus advogados.

A Boeing interrompeu as entregas do jato 787 por mais de um ano, até agosto de 2022, enquanto a FAA investigava problemas de qualidade e falhas de fabricação.

Em 2021, a Boeing disse que alguns 787 tinham preenchimentos que não eram do tamanho adequado e algumas aeronaves tinham áreas que não atendiam às especificações. Um preenchimento é uma peça fina de material usada para ocupar o espaço de pequenas lacunas em um produto manufaturado.

A Boeing disse que está totalmente confiante no 787 Dreamliner, acrescentando que as alegações "são imprecisas e não representam o trabalho abrangente que a Boeing fez para garantir a qualidade e a segurança de longo prazo da aeronave".

Salehpour observou atalhos usados pela Boeing para reduzir os gargalos durante o processo de montagem do 787 que colocaram "estresse excessivo nas principais juntas do avião e resíduos de perfuração embutidos entre as principais juntas em mais de 1.000 aviões", disseram seus advogados.

O engenheiro disse em uma entrevista coletiva a jornalistas na terça-feira que viu problemas de desalinhamento na produção do jato 777 que foram resolvidos com o uso de força.

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"Eu literalmente vi pessoas pulando sobre as peças do avião para que elas se alinhassem", disse ele.

"O relato voluntário sem medo de represálias é um componente essencial da segurança da aviação", disse a FAA. "Incentivamos todos no setor de aviação a compartilhar informações. Investigamos minuciosamente todas as denúncias."

Uma fonte da agência disse que a FAA se reuniu com o denunciante.

A Society of Professional Engineering Employees in Aerospace (SPEEA) disse que Salehpour é um membro que trabalha na fábrica da Boeing em Everett, Washington. O sindicato de engenheiros disse que não poderia comentar sobre as preocupações específicas de Salehpour.

Em agosto de 2022, a FAA aprovou o primeiro Boeing 787 Dreamliner para entrega desde 2021, depois que o fabricante fez alterações necessárias para atender aos padrões de certificação. Atualmente, há cerca de 1.100 Dreamliners em serviço, disse a Boeing.

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