Dólar perde fôlego frente ao real após salto da véspera
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar alternava estabilidade e leve queda frente ao real nesta sexta-feira, com investidores realizando lucros após salto da moeda norte-americana na véspera, enquanto os mercados continuavam de olho na política monetária do Federal Reserve e nas divisões dentro da diretoria do Banco Central do Brasil.
Às 10h00 (de Brasília), dólar à vista caía 0,05%, a 5,1405 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,01%, a 5,1475 reais .
"Acho que a alta de ontem foi muito acentuada, e é natural um ajuste técnico no dia seguinte", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1432 reais na venda, em alta de 1,02%, devido ao receio de que o Banco Central possa se tornar mais brando no combate à inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula se tornarão maioria na instituição.
O que alimentou esses temores foi divisão de votos na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de quarta-feira, quando o colegiado decidiu por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano.
Todos os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base foram indicados pelo governo anterior, enquanto os quatro diretores que defenderam corte de 50 pontos-base foram indicados pela administração Lula.
Conforme investidores locais continuam digerindo as perspectivas para o Banco Central, o clima externo oferecia alívio, disse Bergallo, apontando recente arrefecimento nos dados de emprego dos Estados Unidos.
Na semana passada, dados de abertura de vagas fora do setor agrícola vieram abaixo do esperado, enquanto, na véspera, uma leitura mostrou surpresa para cima nos pedidos de auxílio-desemprego.
"Isso novamente deu fôlego para o mercado voltar a acreditar em corte de juros por lá, agora no segundo semestre", disse Bergallo.
Na semana passada, o Fed deixou sua taxa de juros de referência inalterada na faixa atual de 5,25% a 5,50%, onde se encontra desde julho. Operadores, que no final do ano passado chegaram a prever que o início da redução dos juros nos EUA poderia começar tão cedo quanto março, adiaram consecutivamente suas projeções, que agora apontam setembro como o momento provável do primeiro corte.
Num geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de "carry trade", em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
O dólar estava a caminho de encerrar a semana em alta de 1,40%, mas, no acumulado do mês, cai quase 1%.
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