UAW perde votação para sindicalização na fábrica da Mercedes no Alabama

VANCE, Alabama (Reuters) - O sindicato United Auto Workers sofreu uma derrota decepcionante na votação em uma fábrica da Mercedes-Benz no Alabama nesta sexta-feira, um revés para os planos do sindicato de obter mais alcance no sul dos Estados Unidos após conquistar um acordo em uma fábrica da Volkswagen no Tennessee em abril.

Os trabalhadores na fábrica em Vance, Alabama, e em uma instalação de baterias próxima votaram 2.642 a 2.045 contra a adesão ao UAW, de acordo com o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB, na sigla em inglês) dos EUA, supervisor da votação -- que ainda precisa ser certificada.

"O resultado é obviamente uma grande decepção para o UAW", disse por email o professor de relações trabalhistas da San Francisco State University, John Logan.

"Até agora, tudo tinha corrido quase que perfeitamente para a nova liderança do sindicato, mas os desafios mais difíceis obviamente estão por vir."

"A Volkswagen não lutou agressivamente contra o sindicato, mas a Mercedes sim", ele acrescentou.

O UAW esperava continuar uma sequência que inclui a vitória esmagadora da VW em Chattanooga, Tennessee, bem como um novo contrato em seis instalações da Daimler Truck no sul. A Daimler Truck foi desmembrada do que hoje é a Mercedes.

A perda complica a história de como o UAW pode promover sua influência, especialmente no sul, mas provavelmente não causará um grande impacto nos demais esforços de organização do UAW, disseram especialistas trabalhistas.

"É fácil exagerar na questão do impulso", disse Stephen Silvia, professor da American University que publicou sobre as campanhas anteriores de organização do UAW no sul.

"No final, tudo se resume ao que está acontecendo em cada local de trabalho individual", acrescentou, enfatizando que, assim como uma vitória na Volkswagen não garantia uma vitória na Mercedes, essa derrota não garante derrotas futuras.

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A oposição política também foi firme nesta campanha. Seis governadores dos EUA, incluindo Kay Ivey, do Alabama, assinaram uma carta pedindo aos trabalhadores que rejeitassem o UAW. Eles disseram que a sindicalização prejudicaria o crescimento da indústria automobilística em todo o sul dos EUA.

A Mercedes também trouxe um novo presidente para seus negócios nos EUA nas semanas que antecederam a votação, uma mudança que deixou alguns trabalhadores esperançosos de que as condições pudessem melhorar sem o sindicato.

Trabalhadores de ambos os lados esperavam uma votação acirrada. Kay Finklea, que trabalha na Mercedes e é a favor do UAW, disse que a comunicação da empresa, incluindo uma recente campanha antissindical, havia convencido alguns a votar "não".

Com a derrota, o UAW precisará esperar pelo menos um ano antes de tentar novamente, segundo o NLRB. O sindicato também tem cinco dias para apresentar objeções, alegando interferência. Se o NLRB concordar, a eleição poderá ser refeita.

(Reportagem de Nora Eckert em Vance, Alabama)

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