Dívida pública federal sobe 0,99% em abril com impulso de títulos atrelados à Selic

BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal subiu 0,99% em abril ante março, para 6,704 trilhões de reais, crescimento impulsionado por emissões de títulos atrelados à taxa Selic, que somaram 96,3 bilhões de reais no mês, equivalente a 72% do volume total emitido, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira.

De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias, abril foi marcado por um aumento da percepção global de risco, principalmente por conta de uma avaliação do mercado de que os primeiros cortes de juros nos Estados Unidos ficaram mais distantes.

No período, a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) somou 6,423 trilhões de reais, com alta de 0,97%, enquanto a dívida pública federal externa (DPFe) atingiu 281 bilhões de reais, com elevação de 1,37%.

Com as emissões predominantes dos títulos atrelados à Selic (LFTs), a participação desses papeis na composição da dívida pública federal subiu de 41,8% em março para 43,1% no mês passado, ficando mais próxima do limite máximo estabelecido no Plano Anual de Financiamento (PAF), que estabeleceu uma banda entre 40% e 44% para o final deste ano.

Dias afirmou que os dados de maio, ainda em evolução, mostram uma melhora nesse cenário, com volumes mais expressivos de emissões de títulos prefixados e atrelados à inflação. Segundo ele, houve no período uma reversão parcial da aversão a risco, com redução do nível da curva de juros.

"A gente entende que, até o momento, as condições se encontram alinhadas para o cumprimento do PAF", disse.

Ele argumentou que essa variação na composição dos títulos gera impacto no custo da dívida, mas parte do efeito é compensado pela diversificação da carteira do Tesouro. Isso porque em momentos com a Selic mais alta há tendência de queda da inflação, o que aumenta o custo de papeis de um lado, mas reduz de outro.

Segundo os dados da pasta, o custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses subiu de 10,40% ao ano em março para 10,63% no mês passado.

Em relação às novas emissões de títulos da dívida interna, o custo médio caiu de 11,32% para 11,16% ao ano.

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No período, houve alta no prazo médio de vencimento dos títulos brasileiros para 4,13 anos, ante 4,11 anos registrados em março.

Em relação ao colchão de liquidez para pagamento da dívida pública, houve uma redução de 0,33% em abril, a 884,5 bilhões de reais. O montante é suficiente para quitar 8,35 meses de vencimentos de títulos --em março, estava em 6,95 meses.

(Por Bernardo Caram)

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