Dólar sobe 0,30% sob influência do exterior, mas acumula baixa na semana
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a sexta-feira em leve alta no Brasil, mas ainda abaixo dos 5,60 reais, acompanhando o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, após a divulgação de dados mistos do mercado de trabalho norte-americano, que mantiveram as dúvidas sobre o tamanho do corte de juros nos EUA este mês.
O dólar à vista fechou em alta de 0,30%, cotado a 5,5895 reais. Na semana, porém, o dólar acumulou baixa de 0,83% ante o real.
Às 17h17, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,29%, a 5,6030 reais na venda.
Em um dia de agenda esvaziada no Brasil, os investidores se voltaram para a divulgação do relatório "payroll" no exterior, com números sobre a geração de vagas de trabalho fora do setor agrícola dos EUA.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que a economia do país abriu 142.000 vagas em agosto, após 89.000 em julho, em dado revisado para baixo. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 160.000 vagas, depois de 114.000 em julho conforme relatado anteriormente.
A criação de vagas menor que o esperado fez o dólar, em um primeiro momento, perder força ante as demais divisas globais, incluindo o real, em meio à percepção de que a fraqueza do mercado de trabalho abriria espaço para o Federal Reserve cortar juros em 50 pontos-base este mês, e não apenas em 25 pontos-base.
Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,5295 reais (-0,77%) às 9h45, já após o payroll.
Porém, em um segundo momento os investidores se apegaram a outro dado: a taxa de desemprego nos EUA ficou em 4,2%, dentro do esperado, mas abaixo dos 4,3% do mês anterior, sugerindo que o mercado de trabalho segue resiliente. Neste cenário, o dólar voltou a ganhar força e passou a subir ante boa parte das demais divisas, inclusive o real.
Às 13h49, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,6021 reais (+0,53%).
Os receios de que os EUA possam entrar em recessão, na visão de alguns profissionais, também geravam certa procura pela proteção do dólar.
“Via de regra, a expectativa de queda de juros lá fora e de alta de juros aqui deveria fazer o dólar cair. Mas o mercado procurou se proteger do risco”, comentou Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos.
“De manhã tivemos um payroll com geração de vagas abaixo das expectativas, mas à tarde houve receio com o cenário. Os operadores não gostam de ficar desprotegidos, e se for para carregar moeda no fim de semana é melhor ficar comprado em dólar”, acrescentou Viotto.
O avanço do dólar ante o real nesta sexta-feira estava em sintonia com os ganhos da moeda norte-americana também no exterior. Às 17h09, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,14%, a 101,180. No mesmo horário o dólar também registrava ganhos firmes ante divisas como o dólar australiano, o rand sul-africano e o peso mexicano.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.
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