Diretora do Fed diz que riscos persistentes de inflação justificam cortes mais cautelosos de juros

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - A diretora do Federal Reserve Michelle Bowman disse nesta terça-feira que as principais medidas de inflação dos Estados Unidos permanecem "desconfortavelmente acima" da meta de 2% do banco central, o que justifica cautela enquanto a instituição prossegue com o afrouxamento da taxa de juros.

Bowman disse concordar que o progresso na redução da inflação desde seu pico em 2022 significa que é hora de o Fed ajustar a política monetária.

Mas ela discordou da redução de 50 pontos-base da semana passada em favor de um corte mais "comedido" de 25 pontos porque "os riscos de alta para a inflação permanecem proeminentes", incluindo cadeias de oferta globais em risco de greves e outros distúrbios, política fiscal agressiva e um descompasso crônico entre a oferta e a demanda de moradias.

"A economia dos EUA continua forte e o núcleo da inflação permanece desconfortavelmente acima de nossa meta de 2%", disse Bowman em comentários preparados para serem apresentados em uma convenção da Associação de Banqueiros do Kentucky, na Virgínia.

O núcleo da inflação se refere ao índice PCE eliminando custos de alimento e energia, que as autoridades do Fed consideram um bom guia para as tendências gerais da inflação e que Bowman disse esperar que ainda esteja em torno de 2,6% até agosto.

Os dados do índice PCE de agosto serão divulgados na sexta-feira.

"Preferi um corte inicial menor na taxa de juros, enquanto a economia dos EUA continua forte e a inflação segue sendo uma preocupação", disse Bowman. "Não posso descartar o risco de que o progresso na inflação possa continuar a estagnar."

Depois de manter a taxa de juros por 14 meses em uma faixa de 5,25% a 5,5%, o Fed a reduziu para a faixa de 4,75% a 5% na semana passada, em uma votação de 11 votos a 1.

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A discordância de Bowman foi a primeira de um membro do conselho de diretores do Fed desde 2005.

Embora ela tenha dito que está preparada para apoiar mais cortes se os próximos dados mostrarem enfraquecimento do mercado de trabalho, ela argumentou que o crescimento dos salários e o fato de que ainda há mais empregos abertos do que trabalhadores disponíveis sugerem que o mercado de trabalho continua forte em geral.

"Continuo a ver riscos maiores para a estabilidade dos preços, especialmente enquanto o mercado de trabalho continua próximo das estimativas de pleno emprego", com a taxa de desemprego em 4,2%, disse ela.

Ela disse temer que cortes grandes também possam liberar "uma quantidade considerável de demanda reprimida e dinheiro em caixa", possivelmente alimentando a inflação novamente, enquanto a política monetária também pode não ser tão restritiva quanto algumas autoridades do Fed acreditam.

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