Campos Neto diz que alta de prêmios na curva se deve a percepção sobre fiscal, mas situação não é tão ruim
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que o aumento recente de prêmios na curva a termo pode ser explicado pela percepção de menor transparência fiscal por parte do governo, mas que a situação não é tão ruim na comparação com outros países.
Na sexta e na segunda-feira, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com prazos mais longos tiveram altas firmes, com o mercado incorporando mais prêmios à curva em meio às dúvidas sobre a capacidade do governo Lula em equilibrar as contas públicas.
Na última terça-feira, o próprio Campos Neto afirmou que parecia "exagerado" este aumento de prêmio de risco por conta dos números fiscais do país.
Questionado nesta quinta-feira sobre se o "exagero" já havia sido retirado da curva nos últimos dias, Campos Neto limitou-se a explicar sua visão sobre o movimento recente.
"O que eu comentei é que a gente teve uma percepção de que o mercado parecia incomodado com a transparência fiscal, o que gerou aversão a risco", comentou Campos Neto durante entrevista coletiva de imprensa, em São Paulo.
Segundo ele, ao se comparar os dados do Brasil com os de outros países emergentes, é possível notar expansão fiscal, mas os números domésticos não estão muito piores.
"Aquele aumento de prêmios pode ser explicado por percepção de menor transparência fiscal", afirmou Campos Neto, acrescentando que a situação comparada a outros países não era "tão ruim".
Durante a coletiva, Campos Neto também evitou dizer se as projeções fiscais do BC estão próximas das do governo -- mais otimista com o cumprimento da meta fiscal -- ou das do mercado, que têm projetado déficits primários maiores.
Ele lembrou que o BC não publica projeções fiscais, mas ressaltou que a autarquia segue critérios internacionais para calcular os dados.
O BC publicou na manhã desta quinta-feira seu Relatório de Inflação, com as projeções para variáveis econômicas como índices de preços, Produto Interno Bruto, crédito e contas externas.
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