Lula sanciona Combustível do Futuro para destravar R$ 260 bi em investimentos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona nesta terça-feira a lei do projeto Combustível do Futuro, que promete destravar investimentos de 260 bilhões de reais e evitar emissões de 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2037, de acordo com avaliação do Ministério de Minas e Energia divulgada antes da cerimônia.

O programa aprovado pelo Congresso Nacional cria novas indústrias verdes no Brasil, sendo considerado pelo governo como o "maior" projeto de descarbonização do setor de transportes. O analista político Sergio Balaban destaca que a biomassa no setor sucroenergético não apenas reduz emissões e previne incêndios, mas também estabiliza o sistema elétrico, promove energia sustentável e ajuda a posicionar o Brasil como liderança no setor de transportes.

"Esse potencial precisa ser mantido e fortalecido para posicionar o Brasil como um líder mundial em fontes limpas de energia, sobretudo para o setor de transportes... É sabido que os biocombustíveis emitem significativamente menos gases de efeito estufa do que os combustíveis fósseis", diz Balaban.

"Os avanços que teremos em razão dessa lei são inéditos, introduzindo o combustível sustentável de aviação (SAF) e o diesel verde à matriz energética, e descarbonizando setores que contribuem significativamente para a poluição do planeta", disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em comunicado.

O projeto aprovado na Câmara, além de incentivar a produção de novos combustíveis, como SAF e biogás, deverá facilitar um aumento da mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel, impulsionando indústrias como as de cana-de-açúcar, milho e soja, que já respondem por parcela significativa do consumo de biocombustíveis no Brasil.

A elevação da mistura de biodiesel no diesel para 25% até 2035, ante os atuais 14%, conforme prevê a Lei Combustível do Futuro, vai exigir um volume de óleo de soja 296% maior que as 4,8 milhões de toneladas que o país usou para fabricação do biocombustível em 2023, quando a mistura estava em 12%, de acordo com cálculos da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

No Brasil, a produção de biodiesel é majoritariamente feita a partir de óleo de soja, que responde por mais de 70% do total das matérias-primas utilizadas.

Para que seja possível alcançar aquele nível de produção que o aumento da mistura pode requerer até 2035, serão necessários investimentos de 52,5 bilhões de reais em novas usinas e esmagadoras de soja, disse a Abiove, entidade que reúne as tradings e processadoras de oleaginosas.

Nesse cenário, a produção de biodiesel consumiria 19 milhões de toneladas de óleo de soja por ano até 2035, contra 5,9 milhões de toneladas estimadas pela Abiove em 2024.

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Para atingir esse volume, será preciso instalar 47 novas esmagadoras e mais 33 usinas de biodiesel. O país conta hoje com 132 unidades de esmagamento e 57 fábricas de refino e envase de óleo de soja, conforme dados da Abiove.

"A sanção do PL dos Combustíveis do Futuro é um marco no combate às mudanças climáticas..., a descarbonização da matriz de transporte no Brasil é um passo decisivo para a redução das emissões de gases de efeito estufa", disse CEO da produtora de biodiesel Binatural Energia, André Lavor.

Segundo ele, o setor de biodiesel contribuirá com a redução de mais de 320 milhões de toneladas de CO2 nos próximos 10 anos, com o aumento progressivo da mistura para 25% de biodiesel no diesel.

Ele citou ainda a agregação de 412 bilhões de reais ao PIB e uma economia de 10,5 bilhões de dólares em importações de combustíveis fósseis, como o diesel, já que o biodiesel comporá uma parcela maior do produto vendido nos postos.

Além disso, pelo texto aprovado no Congresso, o novo percentual de mistura de etanol anidro na gasolina poderá variar entre 22% e 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, sendo, no mínimo, de 18% de etanol.

O projeto será sancionado nesta manhã durante a feira Liderança Verde Brasil Expo, na Base Aérea de Brasília, que abriga uma exposição de equipamentos e veículos que utilizarão biocombustíveis como o SAF e o BioGLP.

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Na exposição, os visitantes poderão conferir aeronaves das principais companhias e montadoras que atuam no país. Também serão expostos caminhões, tratores, escavadeiras, colheitadeiras, ônibus e veículos de passeio que poderão utilizar combustíveis renováveis.

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