Dólar fecha quase estável no Brasil apesar de avanço no exterior

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após ter superado os 5,73 reais pela manhã, o dólar perdeu força e fechou praticamente estável no Brasil nesta quarta-feira, apesar do avanço firme da moeda norte-americana ante as demais divisas no exterior, com o mercado projetando cortes menores de juros nos EUA e chances maiores de Donald Trump vencer a eleição presidencial.

O dólar à vista fechou o dia em leve baixa de 0,06%, cotado a 5,6934 reais. Esta foi a terceira sessão consecutiva em que a moeda norte-americana terminou o dia praticamente estável. Em outubro a divisa acumula elevação de 4,48%.

Às 17h15, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,07%, a 5,6960 reais na venda.

No exterior o viés para a moeda norte-americana era positivo desde o início da sessão, em sintonia com o avanço do rendimento do Treasury de dez anos, que chegou a atingir 4,25% pela manhã.

Por trás do movimento estava a expectativa de cortes menores de juros pelo Federal Reserve no futuro próximo, em função da força da economia dos EUA, além do aumento da probabilidade de o republicano Trump derrotar a democrata Kamala Harris na disputa pela Casa Branca.

As promessas de Trump de elevar impostos de importação, conter a imigração e baixar impostos têm sido consideradas inflacionárias, sustentando nas últimas semanas o avanço do dólar e dos yields.

Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,7334 reais (+0,64%) às 11h38. Depois disso o dólar reduziu os ganhos e retornou para perto da estabilidade, com alguns agentes aproveitando as cotações acima de 5,70 reais para vender moeda.

Além do exterior, o dólar encontrava certa sustentação no cenário fiscal incerto no Brasil. No mercado, uma das dúvidas é se as medidas de contenção de gastos a serem apresentadas pelo governo após as eleições municipais serão, de fato, eficazes.

Continua após a publicidade

Notícias de que algumas das medidas pensadas pelo Ministério da Fazenda para cortar despesas encontra resistências de outros setores do governo também manteve o pessimismo entre os investidores nesta quarta-feira.

“O mercado aguarda medidas concretas sobre o possível pacote de corte de gastos que deve ser anunciado após o segundo turno das eleições municipais”, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, em comentário enviado a clientes. “Um número acima de 40 bilhões de reais em cortes estruturais pode refletir positivamente no nosso mercado. Já um número abaixo pode causar maior estresse na nossa curva de juros e no dólar.”

No fim da manhã, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Picchetti, afirmou que o Brasil está passando por uma transição de regime caracterizada por juros contracionistas, redução de estímulo fiscal e sinais de desaceleração da atividade, o que amplia as incertezas.

Segundo ele, isso leva o BC a depender de dados para definir a política de juros à frente. Os comentários de Picchetti não influenciaram de forma decisiva os negócios com DIs.

Durante a tarde, o dólar à vista chegou a oscilar no território negativo, marcando a mínima de 5,6857 reais (-0,19%) às 16h31. No fechamento, ficou pouco acima disso.

No exterior, às 17h17, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,28%, a 104,390.

Continua após a publicidade

No fim da manhã o Banco Central vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.

À tarde o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 1,916 bilhão de dólares em outubro até o dia 18, com saídas de 2,260 bilhões de dólares pela via financeira e entradas de 4,176 bilhões de dólares pelo canal comercial.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.