Estímulo do BCE não é uma varinha mágica para falhas estruturais, diz Schnabel

FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu deve cortar as taxas de juros apenas gradualmente e não reduzi-las a um nível que estimule o crescimento, já que isso não resolveria as falhas estruturais profundas da economia, disse Isabel Schnabel, membro do conselho do BCE, à Bloomberg.

Investidores esperam que o BCE corte as taxas de juros em todas as suas próximas reuniões pelo menos até junho próximo, e a taxa de depósito de 3,25% deve agora terminar 2025 em 1,75%, um nível suficientemente baixo - na opinião de muitos economistas - para começar a estimular o crescimento.

Schnabel, no entanto, pareceu rejeitar essas apostas, argumentando que o estímulo do banco central não resolve questões estruturais e até mesmo desperdiça um valioso espaço de política monetária para quando um choque econômico exigir uma ação rápida do BCE.

"Considerando as perspectivas de inflação, acho que podemos nos mover gradualmente em direção à neutralidade se os dados continuarem a confirmar nosso cenário básico", disse Schnabel, referindo-se a um nível de taxa de juros que não estimula nem desacelera o crescimento.

"Eu alertaria para não irmos longe demais, ou seja, para o território acomodatício. Não acho que isso seria apropriado do ponto de vista atual", disse Schnabel em uma entrevista publicada na quarta-feira.

Algumas autoridades pediram cortes mais rápidos nos juros e um possível estímulo porque a inflação está caindo mais rapidamente do que o previsto e pode ficar abaixo da meta, uma premissa que Schnabel também rejeitou.

"Os riscos para a inflação estão agora mais equilibrados. Mas não vejo um risco significativo de ficar abaixo, em particular uma que justificaria uma resposta de nossa parte", disse ela.

Schnabel acrescentou que não vê uma recessão na zona do euro e disse que há alguns sinais de uma recuperação liderada pelo consumo, o que poderia sustentar a narrativa do banco de uma recuperação modesta.

(Reportagem de Balazs Koranyi)

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