Ibovespa ensaia melhora com apoio de Vale, mas sem tirar fiscal do radar

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa ensaiava uma melhora nesta sexta-feira, após cair abaixo dos 124 mil pontos, mas o pregão permanece fragilizado pelas preocupações persistentes com o cenário fiscal após decepção de agentes financeiros com medidas fiscais anunciadas pelo governo federal nesta semana.

Por volta de 13h15, o Ibovespa subia 0,51%, a 125.247,81 pontos, ajudado pela alta de mais de 2% das ações da Vale, em meio a anúncio de juros sobre capital próprio (JCP) pela mineradora e alta do minério de ferro no exterior.

Na máxima até o momento, chegou a 125.554,01 pontos. Na mínima, a 123.946,16 pontos.

O volume financeiro no pregão desta sexta-feira, quando Wall Street terá sessão reduzida, somava 16,59 bilhões de reais.

A mudança de sinal na bolsa paulista coincidiu com declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que sua posição em relação ao pacote de corte de gastos anunciado nesta semana é de "apoio com restrições e possibilidade de incremento".

Em entrevista à CNN Brasil, Pacheco afirmou que a proposta também apresentada pelo governo de isentar de imposto de renda quem ganha até 5 mil reais mensais será analisada "mais à frente" sob condição de haver espaço fiscal.

Agentes financeiros reagiram negativamente ao detalhamento das medidas fiscais na véspera, citando dúvidas sobre a capacidade de compensação da isenção proposta, bem como da extensão dos cortes e sua real capacidade de reduzir a relação dívida/PIB brasileira.

A equipe da XP reforçou a clientes em relatório enviado nesta sexta-feira que, mesmo sob as regras propostas no pacote de revisão de gastos detalhado na véspera, a sustentabilidade do arcabouço fiscal enfrentará desafios nos próximos anos.

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Nos Estados Unidos, as bolsas tinham um viés positivo na volta do feriado, em sessão que terá duração mais curta, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano eram negociados em baixa, o que proporcionava apoio a alguma correção no pregão brasileiro.

DESTAQUES

- VALE ON era negociada com elevação de 2,4%, favorecida pelo avanço dos futuros do minério de ferro no exterior. A mineradora também divulgou que seu conselho de administração aprovou a distribuição de 0,52 real em JCP por ação, com pagamento previsto para março do próximo ano. A data de corte é 11 de dezembro.

- MINERVA ON avançava 4,96%, uma vez que o setor tende a se beneficiar da valorização do dólar ante o real, que nesta sessão renovou máximas históricas, chegando a 6,11 reais, antes de perder fôlego e voltar para 5,98 reais. JBS ON subia 1,92%, MARFRIG ON valorizava-se 1,47% e BRF ON também apurava alta de 1,47%.

- LOCALIZA ON caía 4,56%, afetada pelas perspectivas de taxas de juros mais elevadas por mais tempo no Brasil.

- ALLOS ON cedia 2,21%, tendo também como pano de fundo relatório do JPMorgan cortando a recomendações da ação, assim como dos papéis de Multiplan e Iguatemi, para "neutra", avaliando que os juros mais altos continuarão punindo o setor de shopping centers. MULTIPLAN ON era negociada em baixa de 1,01% e IGUATEMI UNIT recuava 1,5%.

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- PETROBRAS PN subia 0,62%, relativamente descolada do movimento do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era negociado com acréscimo de apenas 0,04%. PETROBRAS ON avançava 2,3%.

- BTG PACTUAL UNIT recuava 2,3%, com o setor ainda pressionado por anúncios recentes do governo, incluindo impostos mais altos sobre rendas mais elevadas, que alguns analistas veem como algo negativo para bancos tradicionais e plataformas de investimento. O índice do setor financeiro na B3 perdia 0,3%.

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